Quinta-feira, 02 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de outubro de 2025
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, deu um ultimato aos moradores da Cidade de Gaza para que se desloquem para o sul do enclave palestino, alertando ser “a última chance” para que o façam. O aviso dessa quarta-feira (1º) vem enquanto o Exército israelense intensifica o cerco à cidade, alvo de uma ampla ofensiva terrestre, e após ser bloqueado o último acesso ao norte da Faixa de Gaza para os residentes do sul.
A campanha israelense continua após o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, anunciar na segunda (30) um plano de cessar-fogo depois de se reunir com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca. A proposta ainda está sendo analisada pelo Hamas, que, segundo fontes familiarizadas com as negociações, deseja a modificação da cláusula que prevê seu desarmamento.
“Aqueles que permanecerem (…) serão considerados terroristas e colaboradores do terrorismo”, disse o ministro Israel Katz em um comunicado.
Katz disse ainda que os militares capturaram o corredor Netzarim, no centro da Faixa de Gaza, até a costa oeste, uma ação que, segundo ele, separou o norte de Gaza do sul. Ele acrescentou que qualquer pessoa que saísse da Cidade de Gaza em direção ao sul teria que passar por postos de controle militares israelenses.
O ultimato foi feito horas depois de os militares anunciarem o fechamento da última rota restante para os moradores do sul de Gaza acessarem o norte. “Habitantes de Gaza, a rua al-Rashid será fechada ao tráfego a partir do setor sul da Faixa a partir das 12h (6h de Brasília)”, afirmou um comunicado em árabe divulgado pelo porta-voz militar Avichay Adraee nas redes sociais.
Esta semana, os militares israelenses disseram que 780 mil pessoas deixaram a Cidade de Gaza desde que uma ordem de retirada foi emitida em 9 de setembro.
O enorme fluxo de moradores de Gaza para o sul sobrecarregou ainda mais os serviços humanitários, que, segundo grupos de ajuda, não eram suficientes mesmo antes da chegada de milhares de pessoas.
Genocídio palestino
Desde que a ofensiva terrestre na Cidade de Gaza começou, dizem agências de ajuda, os esforços para aliviar a crescente crise humanitária em Gaza mergulharam no caos.
No mês passado, uma comissão da ONU que investigava a guerra disse que Israel estava cometendo genocídio contra palestinos, uma acusação que Israel negou. E em agosto, um painel de especialistas em alimentos apoiado pela ONU concluiu que a Cidade de Gaza e seus arredores estavam oficialmente em situação de fome, com pelo menos meio milhão de pessoas enfrentando fome, desnutrição aguda e morte. Israel negou as conclusões do relatório e criticou a metodologia do painel.
Plano de Trump
Enquanto isso, o plano de cessar-fogo proposto pelo presidente Trump ainda não foi aprovado pelo Hamas. O movimento islamista palestino, que governa Gaza desde 2007, está avaliando a proposta de 20 pontos dos EUA, informou uma fonte palestina sob condição de anonimato. Segundo a fonte, ainda não foi tomada “nenhuma decisão final”, acrescentando que o Hamas precisará de “dois ou três dias” para anunciar a resposta.
O projeto, elogiado por vários países, contempla um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses em um prazo de 72 horas, o desarmamento do Hamas e uma retirada gradual das forças israelenses mobilizadas na Faixa de Gaza. Também prevê uma autoridade de transição dirigida pelo próprio Trump, na qual será acompanhado, entre outros, pelo ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.
O Hamas pede “garantias internacionais” de que as tropas de Israel deixarão integralmente a faixa costeira e que não haverá mais assassinatos “dentro ou fora do território”.
Ataques israelenses
Ao mesmo tempo, os bombardeios não deram trégua na Cidade de Gaza nessa quarta-feira, onde o Exército israelense iniciou uma ofensiva terrestre em larga escala em 16 de setembro.
“As explosões não param”, denunciou por telefone Rabah al-Halabi, um palestino de 60 anos.
A Defesa Civil de Gaza informou que pelo menos seis pessoas morreram em um bombardeio israelense contra uma escola que abrigava deslocados nesta quarta-feira. Outras sete faleceram em um ataque contra uma casa na cidade.