Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025

Home Mundo Itamaraty ignora indicação de embaixador, e Israel “rebaixa” relações com o Brasil

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O Ministério das Relações Exteriores de Israel anunciou nesta segunda-feira (25) que vai “rebaixar” as relações com o Brasil após o Itamaraty ter ignorado a indicação de um novo embaixador.

Israel havia indicado o diplomata Gali Dagan em janeiro para assumir a embaixada em Brasília. Para exercer a atividade, no entanto, é necessária a concessão de uma autorização do país que o recebe, chamada de “agrément”. Tal autorização é praxe em todas as relações entre países.

Tecnicamente, o Brasil não teria se recusado a conceder o agrément, mas deixou o pedido em análise, sem respondê-lo. Em relações internacionais, a atitude é vista como equivalente a uma recusa.
Israel informou ter retirado a indicação de Dagan e acrescentou que não vai submeter um novo nome ao Itamaraty, declarando que as relações com o Brasil serão conduzidas “em um patamar inferior” diplomaticamente.

“Após o Brasil, excepcionalmente, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países agora são conduzidas em um nível diplomático inferior”, diz um comunicado do ministério. As informações são do jornal “The Times of Israel”.

O assessor da Presidência e ex-chanceler Celso Amorim diz que a atitude brasileira é uma resposta ao tratamento recebido pelo representante em Tel Aviv, alvo de “humilhação pública” em 2024.

“Não houve veto. Pediram um agrément e não demos. Não respondemos. Simplesmente não demos. Eles entenderam e desistiram. Eles humilharam nosso embaixador lá, uma humilhação pública. Depois daquilo, o que eles queriam?”, disse Amorim.

“Digo e repito: nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio, que é o que está acontecendo. É uma coisa absurda o que está acontecendo lá”, afirma Amorim, em relação à ofensiva israelense em Gaza. “Nós não somos contra Israel. Somos contra o que o governo Netanyahu está fazendo, que é uma barbaridade.”

O Brasil retirou em maio de 2024 seu embaixador em Tel Aviv, Frederico Meyer. Desde então, o Itamaraty mantém o cargo vago, sem submeter nenhum nome à aprovação de Israel.

O comunicado reafirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado “persona non grata” pelo governo israelense. A declaração foi feita em fevereiro de 2024.

“A linha crítica e hostil que o Brasil demonstra em relação a Israel desde 7 de outubro se intensificou a partir do momento em que o presidente Lula comparou as ações de Israel às dos nazistas. Em resposta, Israel ‘o declarou persona non grata’”, afirma a chancelaria.

“O Ministério das Relações Exteriores continua a manter laços profundos com os muitos círculos de amigos de Israel no Brasil”, diz o comunicado.

As relações entre os dois países se encontram estremecidas desde o início do ano passado, quando Lula criticou a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023.

Ao comparar a resposta israelense aos ataques do Hamas com o que Adolf Hitler fez com os judeus no século passado, Lula irritou autoridades de Israel. Na ocasião, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o brasileiro havia cruzado a “linha vermelha”.

Na sequência, o chanceler israelense, Israel Katz, levou Meyer ao Museu do Holocausto, o que foi visto por diplomatas brasileiros como uma forma de “humilhar” o diplomata e, consequentemente, o próprio Brasil.

 

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