Quarta-feira, 24 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 21 de setembro de 2025
O Japão atingiu um novo marco em longevidade: 99.763 pessoas com 100 anos ou mais, um aumento de 4.644 em relação ao ano anterior, marcando o 55º ano consecutivo de crescimento no número de centenários no país.
A esmagadora maioria são mulheres: 87.784 centenárias contra 11.979 homens, representando quase 88% do total. A média nacional é de 80,58 centenários por 100 mil habitantes, embora haja diferenças regionais expressivas. A província de Shimane lidera a lista, com 168,69 centenários por 100 mil habitantes.
A pessoa mais velha registrada no Japão é Shigeko Kagawa, de 114 anos, que atuou por décadas como obstetra e ginecologista. Apesar de manter uma rotina regular e dieta moderada, não há declarações específicas sobre hábitos como caminhadas ou rotinas diárias.
Outros exemplos incluem Shitsui Hakoishi, de 108 anos, reconhecido pelo Guinness World Records como o barbeiro ativo mais velho do mundo.
Esses dados revelam duas realidades: de um lado, o país continua a registrar pessoas com idades extraordinárias; de outro, enfrenta um rápido declínio populacional. Em 2024, o Japão teve uma queda histórica de mais de 900 mil habitantes, resultado de um número recorde de mortes aliado a uma taxa de natalidade historicamente baixa.
O governo descreveu a situação como uma “emergência silenciosa” e anunciou medidas de apoio às famílias.
Pesquisas apontam que não há uma única razão para o elevado número de centenários. A longevidade japonesa é atribuída a uma combinação de fatores repetidamente observados em estudos científicos e análises demográficas.
A nutrição é um deles. A dieta tradicional japonesa — rica em peixe, soja, vegetais, chá verde e pobre em gorduras saturadas — tem sido associada a menores taxas de doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer, favorecendo uma expectativa de vida maior. Regiões como Okinawa, conhecidas como Zonas Azuis pela alta concentração de centenários, são estudadas por seus hábitos alimentares e culturais, que contribuem para a longevidade.
Outro fator é o sistema de saúde. Após o período pós-guerra, o Japão expandiu rapidamente a assistência médica, com acesso universal e programas de prevenção que reduziram significativamente a mortalidade por doenças antes fatais. Estatísticas mostram declínios históricos em mortes por doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer.
Estilos de vida e redes sociais também desempenham papel importante. Estudos sobre envelhecimento saudável destacam a relevância de incorporar atividade física diária — como caminhar ou realizar tarefas cotidianas — e manter redes familiares e comunitárias fortes, que promovem integração social e saúde mental. Embora difíceis de mensurar, esses fatores são comuns em regiões com maior longevidade.
Por fim, fatores biológicos e demográficos contribuem. A genética pode influenciar a longevidade, mas especialistas concordam que o ambiente, hábitos saudáveis e políticas públicas explicam grande parte da diferença em relação a outros países.
No entanto, essa longevidade tem custo social e econômico. Com o aumento do número de centenários e da população idosa, o Japão enfrenta pressões sobre pensões, cuidados de longa duração e gastos com saúde. O declínio da população ativa complica ainda mais o financiamento desses serviços e a sustentabilidade fiscal a médio prazo. As informações são do jornal La Nación.