Sábado, 24 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 24 de maio de 2025
Lula e Janja cumpriram um longo périplo de viagens pela Rússia de Putin e a China de Xi Jinping. Não foi uma coleção de sucessos: em várias questões Lula foi bombardeado com uma saraivada de críticas principalmente por causa da destacada participação do Brasil nos festejos do 80° aniversário da Vitória, o dia em que, em 1945, a Alemanha se rendeu incondicionalmente à então União Soviética.
A razão central das críticas veio da forma como a Rússia de Putin, organizou as comemorações, promovendo em Moscou o quase ser um conclave de países socialistas e de esquerda. Lá estiveram reunidos uma dezena de chefes de estado, a maioria com as mãos sujas de sangue, nenhum deles pertencente ao campo democrático. A honrosa exceção neste caso era o Brasil.
Foi por isso que Lula não teve um momento de paz, tendo de se justificar o tempo todo: porque festejar data tão significativa para a humanidade na companhia de gente como o anfitrião Putin, Jinping, Maduro, Diaz-Carnel e outros desse calibre?
Devemos concordar que a Rússia, o país que mais perdeu soldados na guerra – 22 a 25 milhões – tinha todo o direito de celebrar os 80 anos de vitória. Mas há uma insanável contradição em que tal comemoração tenha se dado no mesmo instante em que podia ouvir os estrondos das bombas, de uma guerra de conquista, de um país imperial, dos mais poderosos da terra, contra um menor, quase indefeso, diante da capacidade de fogo do rival.
Para Lula ainda piorou o fato de que, dois dias antes, em Roma, o comandante do Exército prestou, ao lado de autoridades italianas, uma homenagem aos 457 pracinhas brasileiros que tombaram em solo europeu, e que contribuíram assim para a derrocada do nazifascismo. Lula compareceu à cerimônia de Putin, em Moscou, mas não à da Itália.
Na China os incidentes também rolaram, porém mais no plano econômico, com promessas de bilhões de reais em investimentos chineses. Só para o sonho de uma ferrovia que atravessa do Brasil de Leste a Oeste, até Antofagasta, no Chile, estão prometidos R$ 100 bilhões. Parece bastante e é bastante, mas não perguntem muito para quando é, se o projeto já está desenhado, e para que ano do calendário está prevista a inauguração. Ninguém saberá responder. Os países socialistas sempre foram otimistas em distribuir recursos e promessas. Só os tolos levam a sério.
Mais profundo do que as marcas da ferrovia, foi o episódio ocorrido em pleno jantar oferecido à delegação brasileira por Jinping, quando a primeira-dama Janja – aquela que não acata protocolos de silêncio só porque é mulher – resolveu fazer uma solicitação especial ao primeiro-ministro chinês: que ele interviesse junto à plataforma chinesa TikTok, para conceder uma cobertura mais amigável no Brasil.
A plataforma, segundo a voluntariosa dama, no Brasil era da “direita”. Era preciso corrigir a distorção. O líder chinês, com distinção e categoria, tirou o corpo fora, lembrando algo que parecia estar fora da conversa: vocês no Brasil podem regular à vontade e até fechar a plataforma.
Lula disse que foi ele, e não Janja, que fez a interpelação. Mas ninguém acreditou.
(titoguarniere@terra.com.br)
No Ar: Pampa Na Madrugada