Segunda-feira, 18 de Agosto de 2025

Home Brasil Juíza Patrícia Acioli vira heroína da pátria

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Assassinada há 14 anos em uma emboscada, a juíza Patrícia Lourival Acioli agora faz parte do Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. A proposta de inscrição da magistrada foi apresentada deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ) e aprovada pela Câmara dos Deputados.

Reconhecida por sua atuação firme contra milícias e grupos de extermínio, a magistrada comandou, durante 10 anos na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo e investigava PMs que forjavam autos de resistência, o número de mortes cometidas por policiais é nove vezes maior em São Gonçalo, região em que ela atuava.

A juíza foi morta em 11 de agosto de 2011, em Niterói (RJ), com 21 tiros quando chegava em sua casa, em Piratininga, após sair do Fórum de São Gonçalo, onde trabalhava. Naquele dia, ela havia assinado os pedidos de prisão de dois policiais militares, que a seguiram e a mataram na mesma noite.

Eles integravam uma milícia que atuava no 7º Batalhão e estava sendo investigada pela juíza. Patrícia analisou mais de 100 autos de resistência na região e encontrou dezenas de relatórios forjados para encobrir execuções.

No primeiro semestre de 2011, ano em que Patrícia morreu, policiais do 7º Batalhão da PM (São Gonçalo) mataram 13 pessoas. No mesmo período de 2021, foram 120 mortes cometidas por policiais naquela área, segundo dados do Instituto de Segurança Pública. É um aumento de 823%.

Batalhão que mais mata

Desde que Patrícia Acioli morreu, a área do 7º Batalhão foi a que registrou mais mortes por policiais entre as 42 de todo o estado. Foram 1.099 mortes por intervenção policial de setembro de 2011 até junho de 2021, segundo dados do ISP.

Os autos de resistência voltaram a crescer na região a partir de 2013 e dispararam em 2014. Mesmo com a pandemia, em 2020, 199 pessoas foram mortas pela polícia naquela região. O número é 10 vezes maior que o registrado no ano da morte de Patrícia.

Dois PMs condenados pela morte de Patrícia Acioli continuam nos quadros da Polícia Militar, recebendo salários. Tratam-se do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira e o tenente Daniel Santos Benitez Lopes.

O processo de expulsão dos dois ainda não foi concluído, uma década depois do crime. Cláudio recebe mensalmente R$ 39.497,40. Já Daniel ganha R$ 10.583, 05.

“Pra família gera uma indignação tremenda né? Porque o que que acontece? Se você levar em conta que já são dez anos, né? E até hoje eles não foram expulsos e o pior ainda: além de não ser expulso, ainda se torna um um peso para a sociedade”, diz Wilson Junior, ex-marido e pai dos filhos de Patrícia.

Impacto na família

Patrícia Acioli é descrita pelos familiares como uma pessoa determinada, que não se escondia de brigas nem tinha medo de enfrentar riscos para defender o que acreditava. Ao mesmo tempo, era uma mãe amorosa e uma filha presente.

“Tem uma frase que ela falava, que deixava até no gabinete dela, e falava sempre que era: ‘Para o triunfo do mal, basta que os bons não façam nada’”, diz Ana Clara, filha de Patrícia.

“Patrícia sempre foi muito destemida, né? Muito determinada”, diz Simone Acioli, irmã de Patrícia. “Tudo que ela fazia era com sucesso. Queria fazer Direito na Uerj, passou de primeira no vestibular. Quando fez a prova para a Defensoria, também passou no primeiro concurso. Depois ela resolveu ser juíza, também passou de primeira.”

Os familiares contam que a morte desestruturou a família e tem impactos até hoje. “A perda dela desestruturou a nossa família. Minha mãe tem Alzheimer, mas ficou muito deprimida depois da morte da Patrícia. As duas sempre foram muito agarradas. Então, minha mãe ficou realmente muito deprimida e a doença piorou muito depois da morte da minha irmã.”

Simone Acioli conta que o caso afetou a saúde dos familiares.”Então, se você pegar um histórico do julgamento, os dois anos, até nas fotos do enterro, minha mãe ainda está de pé. Nas últimas, minha mãe já estava em cadeira de rodas. E a minha outra irmã também ficou bem deprimida um tempo, por conta disso também. Enfim, a família inteira.”

​”Meu filho quando se formou a mãe não tava lá, né? A minha filha, quando se formar, a mãe não vai estar lá. O Natal não é a mesma coisa, o Ano Novo, o aniversário da minha filha sempre tem uma cadeira vazia, né?”, completa Wilson Júnior.

“A palavra exata é destroçar, destruir. Porque é uma parte que eu nunca mais vou ter acesso. Tanto passado, quanto presente, quanto futuro. Havia diversas promessas que eu e ela a gente fazia que não serão mais feitas”, diz a filha Ana Clara. As informações são do G1 e O Dia

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