Terça-feira, 30 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 31 de julho de 2025
Após o ministro Alexandre de Moraes sofrer sanções do governo dos Estados Unidos, o Supremo Tribunal Federal (STF) não deve ceder ao que é considerado uma chantagem do presidente americano, Donald Trump, e pode até mesmo acelerar o julgamento de Jair Bolsonaro no caso da trama golpista.
De acordo com advogados com trânsito na Corte, há possibilidade de o processo ser concluído até o fim de agosto. Antes, a expectativa era de que o destino do ex-presidente fosse definido em setembro.
O prazo de 15 dias para a defesa de Bolsonaro apresentar as argumentações finais começou a contar na última quarta-feira (30). Como o prazo acaba em 13 de agosto, o julgamento poderia ocorrer, nas contas feitas na Corte, entre 20 e 29 de agosto.
Havia nos bastidores do STF uma preocupação de evitar a conclusão do julgamento de Bolsonaro antes do dia 7 de setembro para não impulsionar manifestações nas ruas. Entretanto, dois fatores mudaram esse cenário. Um deles foi a necessidade de reagir à aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes na quarta-feira pelo governo dos Estados Unidos. O outro foi um alívio após a rápida retirada pelas forças de segurança do Distrito Federal de bolsonaristas que protestaram na Praça dos Três Poderes na semana passada, após decisão de Moraes.
A Lei Magnitsky acionada pelo Tesouro americano impõe sanções financeiras a estrangeiros acusados de corrupção ou violações graves de direitos humanos. A decisão bloqueia contas bancárias e trava o acesso do ministro ao sistema financeiro dos EUA, o que impede que ele acesse eventuais ativos que tenha em território norte-americano.
Na semana passada, os vistos de Moraes, de outros oito membros do STF e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, já haviam sido suspensos por ordem de Trump.
Bolsonaro já cumpre medidas restritivas, como o uso de tornozeleira eletrônica, determinadas por Moraes depois da ofensiva de Trump para livrar o aliado político do processo, mas ainda será julgado na Corte por participação na suposta tentativa de golpe de Estados após as eleições de 2022.
Sanções
Mais da metade dos brasileiros (57%) avalia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está errado ao pedir que o Judiciário brasileiro pare o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira. Já 36% dos entrevistados afirmam que o americano está certo. Outros 7% não souberam opinar.
O Datafolha fez 2.004 entrevistas em 130 municípios entre os dias 29 e 30 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. A pesquisa informou que um dos motivos apontados por Trump ao anunciar a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros é o julgamento de Bolsonaro. Os pesquisadores, então, questionaram se o presidente dos EUA estaria certo ou errado.
O levantamento mostra que, entre bolsonaristas, o resultado se inverte. Na parcela de eleitores do ex-presidente em 2022, dois terços (66%) avaliam que Trump está correto. Já 28% afirmam que ele está errado, e 6% não opinaram.
Entre os apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 82% dizem que Trump está errado, e 13% acham que está certo. Outros 5% disseram não saber.
O Datafolha também questionou se Bolsonaro está sendo perseguido e injustiçado pelo Judiciário brasileiro. Este foi um dos argumentos que Trump defendeu na carta anunciando o tarifaço contra o Brasil.
Neste caso, 50% dos brasileiros responderam que não. Já 45% avaliam que o ex-presidente está sendo perseguido e injustiçado, e 5% não opinaram. (Com informações dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo)