Sexta-feira, 26 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de dezembro de 2025
Os juros do cartão de crédito seguem em níveis extremamente elevados no Brasil. Em novembro, a taxa média cobrada no rotativo subiu de 439,8% para 440,5% ao ano, segundo dados divulgados pelo Banco Central nesta sexta-feira (26). No parcelado, a taxa avançou de 178,0% para 181,2% ao ano. Considerando o juro total da modalidade – que reúne operações no rotativo e no parcelado – houve aumento de 90,2% para 91,2% no período.
Desde janeiro de 2024, está em vigor a lei que limita os juros do rotativo e do parcelado do cartão de crédito a até 100% do valor principal da dívida. Os percentuais divulgados pelo Banco Central, no entanto, não indicam descumprimento da regra. As taxas anuais são calculadas por extrapolação estatística dos juros mensais e nem sempre se concretizam, já que os consumidores costumam permanecer no rotativo por períodos curtos. A autoridade monetária afirma que a série histórica será mantida por servir como referência para acompanhar a dinâmica dos juros no sistema financeiro.
O patamar elevado do cartão de crédito ocorre em um contexto de alta generalizada do custo do crédito. A taxa média de juros do crédito livre para famílias e empresas alcançou 46,7% ao ano em novembro, o maior nível desde abril de 2017, quando estava em 48,3%.
Na comparação com outubro, houve aumento de 0,6 ponto porcentual. No acumulado do ano, a alta chega a seis pontos porcentuais. O crédito livre é aquele em que as instituições financeiras têm autonomia para definir a destinação dos recursos captados no mercado.
Para as famílias, a taxa média do crédito livre subiu para 59,4% ao ano, avanço de 0,9 ponto porcentual em relação ao mês anterior. No acumulado de 2025, a alta é de 6,3 pontos porcentuais. Entre as empresas, a taxa caiu para 24,5% ao ano, recuo de 0,6 ponto porcentual no mês, mas ainda acumula alta de 2,8 pontos porcentuais no ano.
O movimento ocorre em meio ao ciclo de aperto monetário conduzido pelo Banco Central para conter a inflação. Em dezembro, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
O spread médio nas operações de crédito livre subiu de 32,4 pontos porcentuais em outubro para 33,2 pontos em novembro. Entre pessoas físicas, o indicador avançou de 44,6 para 45,7 pontos. No crédito direcionado, com recursos da poupança e do BNDES, o spread recuou de 3,8 para 3,6 pontos.
A taxa de inadimplência no crédito livre ficou em 5,0% em novembro, ante 5,1% em outubro. Para pessoas físicas, houve recuo de 6,4% para 6,3%. Entre empresas, a taxa caiu de 3,0% para 2,9%. No crédito total, que inclui livre e direcionado, o índice permaneceu em 3,8%.
As concessões de crédito recuaram 1,4% em novembro na comparação mensal com ajuste sazonal. No crédito livre, a queda foi de 2,1%, enquanto no crédito direcionado houve alta de 6,9%.
O saldo total das operações de crédito do sistema financeiro cresceu 0,9% em novembro, alcançando R$ 6,972 trilhões. Em 12 meses, a alta foi de 9,5%. A relação entre crédito e Produto Interno Bruto (PIB) passou de 55,0% para 55,1%.