Quarta-feira, 20 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 20 de agosto de 2025
Um tribunal de Bogotá determinou nesta terça-feira (19) a libertação imediata do ex-presidente Álvaro Uribe enquanto decide sobre seu recurso contra a condenação histórica de 12 anos de prisão domiciliar por suborno e fraude processual.
O ex-presidente, que governou a Colômbia de 2002 a 2010, recebeu em primeira instância a pena máxima por tentar subornar paramilitares para que o desvinculassem de esquadrões antiguerrilhas. Desde 1º de agosto, ele está preso em sua residência, no município de Rionegro, a cerca de 30 km de sua cidade natal, Medellín.
Uribe, de 73 anos, recorreu da decisão da Justiça que o tornou o primeiro ex-governante do país condenado criminalmente e privado de liberdade. Ele afirma que o julgamento foi politizado e aconteceu sob pressão da esquerda, atualmente no poder.
O Tribunal Superior de Bogotá decidiu que “os critérios” da juíza de primeira instância para “justificar a necessidade” da prisão domiciliar “foram vagos, indeterminados e imprecisos”. A Justiça considerou que não há risco de fuga nem de um possível dano para a sociedade.
O tribunal tem até 16 de outubro para ratificar a condenação ou absolver Uribe. Caso ultrapasse essa data, o processo será arquivado.
Em 2012, Uribe denunciou o senador de esquerda Iván Cepeda por suposto complô para vinculá-lo a paramilitares. Cepeda havia mencionado no Congresso denúncias de ex-paramilitares presos que acusavam Uribe de fundar um esquadrão antiguerrilhas na fazenda de sua família.
Em uma reviravolta inesperada, a Suprema Corte começou a investigar Uribe em 2018 por manipular testemunhas para desacreditar Cepeda, que disse respeitar a decisão, mas que não concorda com ela.
“Temos a absoluta certeza de que o ex-presidente condenado vem realizando várias ações de pressão sobre a Justiça, campanhas contra nós, e acreditamos que a medida imposta pela juíza Sandra Heredia era, de alguma forma, uma medida para nos proteger desse tipo de ação”, declarou o senador.
Uribe chegou ao poder quando a Colômbia passava por um confronto entre guerrilhas de esquerda, esquadrões de extrema direita e forças do Estado. Ele conquistou apoios com suas políticas de linha dura, que derrotaram a guerrilha das Farc.
Ao mesmo tempo que melhorou a percepção de segurança, o governo Uribe foi questionado devido aos milhares de assassinatos cometidos pelos militares durante a luta contra os rebeldes. Das 8 milhões de vítimas do conflito armado naquela época – entre deslocados, mortos e feridos -, 40% foram registradas durante o seu mandato.
Quando a condenação foi anunciada, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, denunciou o que chamou de “instrumentalização do Judiciário colombiano por juízes radicais”. Uribe, um aliado de longa data de Washington, convocou milhares de pessoas às ruas para defenderem a sua inocência.
“A decisão de hoje é uma vitória tanto para a Colômbia quanto para a família Uribe”, publicou no X o senador americano Bernie Moreno, que visitou o ex-presidente colombiano na semana passada.
O presidente Gustavo Petro questionou a interferência dos Estados Unidos no caso e denunciou “uma pressão enorme” sobre a Justiça.
A condenação do político colombiano mais influente do século representou um duro golpe para a direita conservadora antes das eleições presidenciais de 2026. O partido que ele lidera, Centro Democrático, é o principal movimento de oposição a Petro e um aliado do governo dos Estados Unidos.
Seu candidato líder nas pesquisas, Miguel Uribe (que não possui parentesco com o ex-presidente), morreu no último dia 11, vítima de um atentado.
(Com O Estado de S.Paulo)
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