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Por Redação Rádio Pampa | 30 de julho de 2023
A Justiça de São Paulo chamou Gabriel Costa, filho de Gal Costa que completou 18 anos recentemente, para reconhecer se havia união estável entre a cantora e a viúva Wilma Petrillo. Em um posicionamento, a Defensoria Pública se manifestou contrária à confirmação do relacionamento.
Em janeiro deste ano, dois meses depois da morte de Gal, Wilma solicitou abertura de inventário e reconhecimento de união estável pós-morte. Ela disse que ambas conviveram por cerca de 20 anos. Além disso, pediu a guarda de Gabriel, que ainda era menor de idade.
A Justiça, então, pediu para que a Defensoria Pública de São Paulo atuasse a fim de garantir os direitos de Gabriel, com 17 anos à época. Wilma fez novo pedido para que a Justiça reconhecesse a união estável, mas o juiz afirmou que seria necessário um posicionamento da Defensoria.
Em junho, a Defensoria Pública mostrou-se contrária ao pedido porque Wilma não teria apresentado “suficiente documentação comprobatória da alegada união estável”.
No início de julho, Wilma reiterou os pedidos e disse que Gabriel, em outro processo, declarou de forma expressa que, desde pequeno, convive em harmonia com ela como se fosse sua mãe.
Diante do histórico de pedidos, a Justiça de São Paulo solicitou, no último dia 19, que Gabriel, na condição de pessoa maior de idade, fizesse uma declaração de forma expressa, em “concordância de próprio punho e com firma reconhecida em cartório”, quanto ao reconhecimento da “união estável supostamente havida” entre Wilma e Gal.
O reconhecimento da união estável pode definir a partilha da herança de Gal.
Infarto fulminante
A cantora Gal Costa morreu aos 77 anos, em 9 novembro do ano passado, em decorrência de um infarto agudo no miocárdio, de acordo com certidão de óbito obtida pelo g1. O documento descreve ainda como causa da morte uma neoplasia maligna [câncer] de cabeça e pescoço.
A causa da morte de Gal não foi divulgada na época.
Pouco antes da morte, Gal havia dado uma pausa em shows, após passar por uma cirurgia para retirar um nódulo na fossa nasal direita. A cantora morreu em sua casa no Jardim Europa, área nobre de São Paulo, às 6h40.
Maria da Graça Costa Penna Burgos nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador . Ela gravou sucessos como “Baby”, “Meu nome é Gal”, “Chuva de Prata”, “Meu bem, meu mal”, “Pérola Negra” e “Barato total”.
Foram 57 anos de carreira, iniciada em 1965, quando a cantora apresentou músicas inéditas de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ela ainda era Maria da Graça quando lançou “Eu vim da Bahia”, samba de Gil sobre a origem da cantora e do compositor.
Três anos depois, veio outro clássico: “Baby”, de Caetano Veloso. A canção foi feita para Maria Bethânia, mas Gal a lançou em disco e a projetou no álbum-manifesto da Tropicália. “Divino maravilhoso” (de Gil e Caetano) foi outra da fase tropicalista.
Ao longo dos anos 60 e 70, ela seguiu misturando estilos. Dedicou-se ao suingue de Jorge Ben Jor com “Que pena (Ela já não gosta mais de mim)” e foi pelo rock com “Cinema Olympia”, mais uma de Caetano. “Meu nome é Gal”, de Roberto e Erasmo Carlos, serviu como carta de apresentação unindo Jovem Guarda e Tropicália.
Ao gravar “Pérola negra”, em 1971, ajudou a revelar o então jovem compositor Luiz Melodia (1951-2017). No mesmo ano, lançou “Vapor barato”, mostrando a força dos versos de Jards Macalé e Waly Salomão.
Ela seguiu gravando várias músicas de Gil e Caetano, mas foi incluindo no repertório versos de outros compositores como Cazuza (“Brasil”, 1998); Michael Sullivan e Paulo Massadas (“Um dia de domingo”, de 1985); e Marília Mendonça (“Cuidando de longe”, 2018).
Na longa carreira, Gal lançou mais de 40 álbuns entre discos de estúdio e ao vivo. “Fa-tal”, “Índia” e “Profana” foram três dos principais.
Ela estava em turnê com o show “As várias pontas de uma estrela”, no qual revisitava grandes sucessos dos anos 80 do cancioneiro popular da MPB. “Açaí”, “Nada mais”, “Sorte” e “Lua de mel” eram algumas das músicas do repertório.
Bem recebido pelo público e pela crítica, esse show fez com que a agenda de Gal ficasse agitada após a pandemia. A estreia aconteceu em São Paulo, em outubro do ano passado.
Além de rodar o Brasil, Gal entrou na programação de vários festivais e ainda tinha uma turnê na Europa prevista para novembro.
Ela deixou o filho Gabriel, na época com 17 anos, que inspirou o último álbum de inéditas. “A pele do futuro”, de 2018, foi o 40º disco da carreira. “Está vindo a geração que salvará o planeta”, disse ela quando lançou o álbum.
O último álbum lançado foi “Nenhuma Dor”, em 2021, quando Gal regravou músicas como “Meu Bem, Meu Mal”, “Juventude Transviada” e “Coração Vagabundo”, com cantores como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.