Quinta-feira, 25 de Abril de 2024

Home Cinema Lady Gaga está vestida para matar em “Casa Gucci”

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Desde o início das filmagens, a badalação em torno de “Casa Gucci” está mais efervescente do que garrafa de champanhe recém-sacudida. Fotos dos atores Adam Driver (que interpreta Maurizio Gucci, herdeiro da casa de luxo) e Lady Gaga (sua esposa Patrizia Reggiani) comendo um lanche de um vendedor de rua ou divertindo-se em um barquinho a remo na Itália pipocaram no início do ano e atiçaram a excitação entre os fãs de moda ávidos por centelhas do mundo cinematográfico e dos tapetes vermelhos. A revista “Vanity Fair” declarou se tratar do “filme mais hipnotizante que você já viu”.

“Era uma completa loucura”, conta a figurinista Janty Yates, sobre a imprensa e os fotógrafos aglomerados em torno da filmagem. “Era simplesmente uma loucura todos os dias. Eu dizia ao produtor: ‘Temos que nos livrar da imprensa, há gente da imprensa naquela pequena torre ali em cima’. Mas ele dizia: ‘Por que impedir isso? Qualquer publicidade é boa publicidade’. E ele estava certo, afinal, o mundo dos paparazzi é italiano. Lady Gaga nunca deu importância.”

Na verdade, Gaga até ajudou a alimentar a expectativa. Em março, ela colocou no Instagram uma foto dela e de Driver trajados com roupas pós-esqui do “jet set” dos anos 80: ela com uma gola polo, chapéu de pele e colares de ouro, ele com uma blusa tricotada, cor de neve alpina que recém caiu. Em outubro, esses visuais de chalé de montanha já podiam ser vistos em fantasias de festas de Halloween. Até aí, tudo fabuloso. Mas será que os figurinos realmente transmitem aquela enxurrada decadente de “dolce vita” que todos desejamos? Como o constrangedor “Sex and the City 2” demonstrou, apenas roupas fabulosas não são suficientes para segurar um filme.

Por sorte, “Casa Gucci”, dirigido por Ridley Scott e adaptado do cativante livro de Sara Gay Forden (primeiro publicado em 2000 e relançado para coincidir com o filme) também é uma história cheia de dramas, de uma família às voltas com lutas de poder, paixão, traição, excessos e uma vingança brutal. Pensem em Shakespeare misturado com a série “Sucession”, e com logos. É baseado na história verdadeira de como Patrizia Reggiani, que trabalhava na empresa de caminhões do pai, conheceu Maurizio Gucci em uma festa em Milão, em 1970, e casou-se com ele em 1972, contra os desejos do pai dele, Rodolfo, que suspeitava (acertadamente) dela como uma alpinista social. O casal se mudou para Nova York, envolvendo-se na administração da Gucci e vivendo o sonho dos estilistas, até a família se digladiar pelo comando dos negócios. A relação do casal implodiu, eles se divorciaram e, em 1995, ela contratou um assassino de aluguel para matá-lo.

No filme, o guarda-roupa de Patrizia mostra a evolução da personagem, de uma mulher solteira socialmente ambiciosa – ou gananciosa, dependendo de seu ponto de vista – a uma diva de casa de luxo até chegar, por fim, a uma esposa injustiçada e furiosa. “Patrizia tinha o gosto de Joan Collins por joias. Ela se enchia de joias. No entanto, no esboço inicial de Ridley […] ele a queria mais moderada, mais Gina Lollobrigida em vez de Joan Collins em ‘Dinastia’”, diz Yates, que trabalhou em vários filmes com Scott, incluindo “Gladiador” e “Hannibal”.

O visual de Patrizia vai tornando-se cada vez mais caro e extravagante à medida que o filme avança. Quando a vemos pela primeira vez, no início dos anos 1970, suas roupas são sensuais, mas ligeiramente domésticas — nos primeiros encontros com Maurizio, ela usa um vestido marrom de bolinhas brancas e, depois, um sobretudo xadrez amarrado com cinto, acompanhado de um cachecol bem corriqueiro, de dona de casa italiana. Na década de 1980 e no início da de 1990, ela está em marcha máxima: vestidos justos com babados, jaquetas quadradas, casacos de pele extravagantes e ouro suficiente para fazer um Médici parecer minimalista.

A verdadeira Patrizia era conhecida pela extravagância. Nos anos 1970, seu carro com motorista tinha a placa “Mauizia”, mistura dos nomes do notório casal. Certa ocasião, ela disse que preferia “chorar num Rolls-Royce a ser feliz numa bicicleta”. Na década de 1980, o casal comprou um iate de 208 pés que pertencia ao magnata grego Stavros Niarchos. Patrizia mandou um paranormal exorcizar a embarcação porque, segundo escreve Forden em “Casa Gucci: uma história de glamour, ganância, loucura e morte”, ela sentiu que as trágicas mortes de duas esposas de Niarchos haviam lançado “uma aura negativa sobre o barco”.

Outras mudanças de figurino se deram de forma espontânea. Na cena em que Patrizia encontra Maurizio pela primeira vez, na festa em Milão, Yates conta como Scott ficou insatisfeito com um vestido de cetim vermelho na altura do tornozelo que Gaga usava, exclamando: “‘Eu não quero isso, quero ver pernas’. Então, nós a colocamos sobre uma caixa de maçãs e cortamos 45 centímetros da barra do vestido ali mesmo, enquanto cinco equipes de câmera ficavam tamborilando com os dedos, [e] então filmamos a cena. Só Ridley para fazer isso”.

Lady Gaga fez 54 trocas de figurino e não quis repetir nada, nem mesmo um cinto. As roupas incluíram uma mistura de réplicas e de peças originais, feitas por Dominic Young e sua equipe, que copiaram exatamente “uns oito ou nove” looks. O vestido de noiva de Patrizia não é historicamente fiel — a cópia ficou parecendo muito “pura e simples”, então eles criaram uma versão mais glamorosa. A equipe de figurinos também foi a lojas vintage e a casas de fantasias como a Tirelli, em Roma, (que forneceu figurinos para filmes como “Morte em Veneza” e “Maria Antonieta”). A Boucheron e a Bulgari emprestaram algumas das joias. Lady Gaga emprestou roupas de sua própria coleção e a Gucci cedeu acesso a seus arquivos.

Os impecáveis ternos estilo Savile Row de Maurizio foram feitos pelo alfaiate novaiorquino Leonard Logsdail, que trabalhou em “Sucession”, e também por Zegna. Mesmo no estilo da década 1980, com ombreiras marcantes, eles ficaram bem ajustados e elegantes.

A verdadeira estrela do filme, claro, é a Gucci. Embora a marca não tenha nenhum envolvimento criativo, além de emprestar itens e permitir a filmagem na loja de Roma, ela aproveitou o momento e realizou um recente desfile no Hollywood Boulevard e vestiu as estrelas Lady Gaga e Salma Hayek para algumas das pré-estreias do filme.

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