Segunda-feira, 29 de Dezembro de 2025

Home Política Lula avalia compra de novo avião presidencial, mas aliados temem desgastes em ano eleitoral

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Após ao menos três episódios de risco em voos oficiais neste mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estuda a compra de um novo avião presidencial. A decisão, no entanto, esbarra no alto custo da aeronave, estimado entre R$ 1,4 bilhão e R$ 2 bilhões, segundo cotações de mercado, e no potencial desgaste político em um ano eleitoral, cenário que leva aliados a desaconselharem a troca.

O orçamento deve ser entregue ao petista no início de 2026. A cotação de preços está em fase final no Ministério da Defesa e na Aeronáutica.

A intenção de trocar o avião decorre da insatisfação de Lula e da primeira-dama, Janja, com as limitações da atual aeronave. O presidente defende um equipamento com maior autonomia para voos internacionais, mais espaço para reuniões, área vip e um quarto mais amplo, com cama. O comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno, enfrenta dificuldades para levantar cotações no exterior de aeronaves que atendam às exigências do Palácio do Planalto.

A escassez desse tipo de avião no mercado internacional é um dos entraves para a compra, que pode levar meses para ser concluída em razão das especificidades de fabricação. A produção de aeronaves de luxo adaptadas para líderes mundiais é limitada e não acompanha a demanda global.

A Aeronáutica acionou corretores especializados na compra de aeronaves, responsáveis por buscar, em diferentes países, empresas capazes de fornecer modelos compatíveis com os critérios definidos pela Presidência. Nessa fase, o governo prospecta o mercado, consulta valores e analisa opções.

Após essa triagem, as alternativas são submetidas à análise final de Lula. A aquisição ocorreria por meio de licitação. Em 2024, a FAB chegou a sondar preços de aeronaves alemãs, incluindo uma utilizada pela ex-chanceler Angela Merkel, mas a negociação não avançou.

Lula tem se queixado dos riscos enfrentados durante viagens oficiais. O episódio mais recente ocorreu no início de outubro, no Pará. Segundo o próprio presidente, uma falha no motor antes da decolagem obrigou a comitiva a trocar de aeronave. O grupo seguia para Breves, na Ilha do Marajó, quando o problema foi identificado ainda em solo. De acordo com Lula, todos desembarcaram diante do receio de incêndio.

A aeronave envolvida no incidente é uma das 11 unidades do modelo C-105 Amazonas operadas pela Força Aérea Brasileira. O turboélice bimotor integra a frota oficial desde 2006 e foi fabricado pela divisão de defesa da Airbus, a segunda maior empresa de aviação do mundo.

Outro episódio constrangedor ocorreu em março deste ano, quando o avião presidencial, o Airbus A319CJ — conhecido como Aerolula — precisou arremeter ao tentar pousar no aeroporto de Sorocaba, no interior de São Paulo. Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência, a manobra foi necessária devido a ventos fortes, levando o piloto a optar por novo procedimento de pouso pela outra cabeceira da pista.

Antes disso, em outubro de 2024, o Aerolula sofreu uma pane no México após a falha de uma das turbinas, componente essencial do motor. O problema obrigou a aeronave a permanecer quase cinco horas voando em círculos sobre a Cidade do México para consumir combustível e viabilizar um pouso seguro no Aeroporto Internacional Felipe Ángeles. Após o pouso, Lula e sua comitiva trocaram de avião para retornar a Brasília.

O episódio foi a gota d’água para o presidente, que avaliou ter corrido risco de vida e reabriu o debate no governo sobre a necessidade de uma aeronave mais moderna. Na primeira reunião ministerial deste ano, Lula afirmou que aquela foi uma das ocasiões em que achou que iria morrer.

“Eu pensei na minha vida porque eu fiquei 4 horas e meia dentro de um avião, sabe, esperando um milagre de Deus para que o avião não caísse”, disse Lula.

Desde o incidente no México, o Aerolula passou a operar com uma turbina alugada. Em janeiro, dois novos equipamentos desse tipo devem chegar a Brasília para a renovação dos motores da aeronave presidencial. O Aerolula foi adquirido há 20 anos, durante o primeiro mandato do presidente. (Com informações do jornal O Globo)

 

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