Sexta-feira, 09 de Maio de 2025

Home Mundo Lula conversa com Putin em jantar para autoridades antes de desfile do Dia da Vitória

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante um jantar nesta quinta-feira (8), em Moscou.

Lula foi um dos poucos chefes de Estado a ir à Rússia para a celebração do Dia da Vitória, que marca a vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial e o papel importante da União Soviética no conflito. A lista de participantes inclui o líder da China, Xi Jinping, e chefes de outras 28 nações como Armênia, Azerbaijão, Belarus, Venezuela, Cuba, Bósnia, Burkina Fasso, Congo e Egito.

Em um vídeo divulgado pelo Palácio do Planalto do jantar oferecido por Putin aos líderes presentes, Lula e o russo trocam algumas palavras, com auxílio de tradutoras, antes de Putin fazer um discurso. Também estavam presentes no jantar o presidente da China, Xi Jinping, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, o ditador de Belarus, Alexander Lukashenko, o cubano Miguel Diaz-Canel, entre outros.

Esta é a primeira vez que os dois líderes se encontram pessoalmente desde que Lula retornou à presidência. O russo tem um mandado de prisão no TPI (Tribunal Penal Internacional) e não pode viajar a países signatários, o que inclui o Brasil, sob o risco de ser preso. Desde então, ele participa virtualmente de encontros que envolvam os dois países, como as reuniões do Brics.

Historicamente, Putin utiliza o Dia da Vitória para impulsionar o nacionalismo russo e projetar uma imagem de força para o mundo. Diversos chefes de Estado já participaram da celebração no passado, mas desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, a participação se tornou menor. Este ano, a Rússia intensificou os esforços para celebrar o 80.º aniversário do fim da guerra.

Mais de 20 líderes estrangeiros participarão do grande desfile militar na Praça Vermelha, em Moscou, nesta sexta-feira (9). A celebração é um elemento central do discurso patriótico promovido pelo presidente russo, que traça paralelos históricos entre a 2º Guerra e a ofensiva contra a Ucrânia.

A reunião bilateral entre Lula e Putin está prevista para sexta-feira. O encontro será uma “oportunidade para uma conversa” sobre a Ucrânia, após as tentativas infrutíferas do presidente brasileiro para impulsionar um plano alternativo de paz em conjunto com a China, segundo diplomatas brasileiros.

Segundo o professor de relações internacionais da ESPM, Gunther Rudzit, a presença de chefes de Estado nas celebrações é utilizada por Putin como demonstração de apoio internacional. Isso se tornou ainda mais forte após a guerra na Ucrânia, quando as relações da Rússia com a União Europeia, os Estados Unidos e aliados ocidentais se deterioraram.

“Se trata de uma chance para a Rússia demonstrar que não está isolada na diplomacia. A ida do Brasil para o evento este ano ajuda a reforçar essa ideia”, afirmou o professor da ESPM. Em contrapartida, os ganhos para o Brasil são incertos.

Para Rudzit, o Brasil não tem a ganhar com a ida de Lula a Rússia. Ao contrário, tem a perder: ao demonstrar proximidade com Putin, o brasileiro envia um recado negativo à União Europeia, que pode afetar o acordo comercial do bloco com o Mercosul. “É um acordo que se arrasta há muito tempo e que enfrenta oposição na Europa, principalmente da França. Uma imagem de Lula atrelada a Putin coloca isso sob risco”, declarou.

De acordo com o analista, esse risco é presente mesmo no momento em que a UE busca ampliar laços comerciais ante uma guerra comercial entre China e EUA, que desestabiliza as relações. “Putin é uma ameaça existencial para a Europa como conhecemos hoje. Se eles tiverem que preterir questões comerciais por existenciais, eles vão fazer”, disse Rudzit.

O professor de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Brites, discorda da ideia. Segundo ele, o acordo entre os blocos está avançado e a Europa deve priorizar os laços comerciais. “A visita pode gerar algum desgaste de imagem, mas não acredito que vá além disso neste momento em que a União Europeia busca diversificar laços”, declarou.

Brites acrescenta que a visita de Lula acontece no momento em que os Estados Unidos, que até então foram os principais parceiros da Ucrânia no conflito, retomaram os diálogos com a Rússia, sob a presidência de Donald Trump. “O Brasil se sentiu mais confiante de ter uma postura mais assertiva [de aproximação com Moscou]”, declarou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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