Sábado, 05 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de julho de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta sexta-feira (4) medidas de austeridade e disse que elas não deram certo em nenhum lugar do mundo. Durante reunião do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como banco do Brics, o petista também voltou a defender “uma nova moeda de comércio” internacional, acenando a uma agenda de desdolarização que sofre forte resistência no Brics e já foi alvo de ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo. A chamada austeridade exigida pelas instituições financeiras levou os países a ficarem mais pobres. Toda vez que se fala de austeridade o pobre fica mais pobre e o rico fica mais rico. É isso que acontece no mundo de hoje e é isso que temos que mudar”, declarou.
Em seguida, Lula criticou a falta de liderança no cenário internacional, refletida na perda de influência da ONU, e disse que Israel pratica um genocídio na Faixa de Gaza.
“Essas lideranças políticas é que têm que tomar as decisões sobre as questões econômicas. Por isso que a discussão de vocês [representantes do banco] sobre uma nova moeda de comércio é extremamente importante. É complicado? Eu sei. Tem problemas políticos? Eu sei. Mas se a gente não encontrar uma nova fórmula, a gente vai terminar o século 21 igual a gente começou o século 20. E isso não será benéfico para a humanidade”, disse Lula.
A agenda de desdolarização no Brics entrou na mira de Trump, o que fez negociadores brasileiros adotarem o discurso de que não está em discussão a possibilidade de criação de nenhuma nova moeda no âmbito do grupo. Ainda no ano passado, Trump exigiu que os países do Brics se comprometessem a não criar uma nova moeda ou apoiar outra divisa que substitua o dólar, sob pena de sofrerem tarifas de 100%.
No Brics, a agenda de incentivo ao uso de modelos de pagamento alternativos ao dólar tem forte apoio da Rússia e da ex-presidente Dilma Rousseff, que é a atual presidente do banco, o NDB.
Mas há setores no governo brasileiro que se opõem a essa agenda, além de outros países do Brics, como a Índia e os Emirados Árabes Unidos.
Apesar da insistência de Dilma e do governo da Rússia, o Brics deve evitar compromissos com sistemas de pagamento alternativos na declaração da cúpula do bloco.
Dilma abriu o evento no Rio nesta sexta. Em seu discurso, defendeu uma cooperação maior entre os países e disse que tarifas, sanções e restrições financeiras estão sendo usadas como “ferramentas de subordinação política”.
“O mundo de hoje não é o mesmo de 2015 [período inicial do NDB]. Está mais fragmentado, mais desigual e mais exposto a crises sobrepostas, climática, econômica e geopolítica. O multilateralismo está sob pressão”, afirmou Dilma. Com informações do jornal Folha de S.Paulo.
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