Sexta-feira, 24 de Outubro de 2025

Home em foco Lula decide manter ministro das Comunicações, mas cobra mais empenho do União na base aliada

Compartilhe esta notícia:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), em meio suspeitas de uso indevido de diárias e voos oficiais em eventos particulares. A avaliação no Palácio Planalto é que, apesar do constrangimento, o “voto de confiança” dado a ele pode servir para que o ministro se empenhe em garantir votos da sua sigla ao governo no Congresso. Apesar de ter indicado três nomes para o primeiro escalão, o União Brasil tem se declarado independente e está dividido sobre integrar a base aliada.

Após a reunião em que Lula afirmou que pediria explicações a ele, na tarde desta segunda-feira, Juscelino foi às redes sociais afirmar ter “esclarecido as acusações infundadas” e tratou o encontro como “positivo”.

“Na ocasião, esclareci as acusações infundadas feitas contra mim e detalhei alguns dos vários projetos e ações do Ministério das Comunicações. Temos muito trabalho pela frente!”, afirmou Juscelino.

Durante a reunião, o ministro foi aconselhado a se defender publicamente caso surjam novas suspeitas contra ele. A leitura entre pessoas próximas a Lula é que não valia a pena retirá-lo a agora, mas que o ministro precisa entregar votos.

Petistas avaliam que o episódio serviu para que o União Brasil assumisse a indicação do ministro, depois que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu publicamente a sua saída do cargo. Na época em que Juscelino foi anunciado ministro, seu nome era mais vinculado ao do senador Davi Alcolumbre (União-AP), responsável pela sua indicação, do que a uma escolha de consenso da bancada do partido na Câmara.

O governo conta com o apoio do União Brasil para aprovar temas caros ao Planalto, como reforma tributária e o novo arcabouço fiscal. Auxiliares do presidente avaliam que os meses de março e abril serão decisivos para avaliar o nível de comprometimento da sigla com as pautas de interesse do Palácio do Planalto.

A legenda tem três ministérios no governo Lula (Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional), mas tem adotado conduta de independência, além de possuir uma série de integrantes declaradamente de oposição ao governo, como o senador Sergio Moro (União-PR). O partido tem 59 deputados na Câmara e 10 no Senado.

Na avaliação de líderes do União Brasil, pesou na decisão do governo os votos das duas bancadas e o processo de construção de uma maioria sólida no Congresso — o que o Planalto ainda não tem. Integrantes da legenda usam o argumento de que na PEC da Transição, aprovada em dezembro, o apoio do União já foi decisivo.

“Juscelino tem a confiança do partido e o apoio das bancadas. A permanência é um gesto bem recebido pelas bancadas e reconhecido pelo partido”, disse o líder do União Brasil no Senado, Efraim Filho (PB).

Horas antes da conversa de Lula com Juscelino, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o governo não tem hoje uma base consistente na Casa. Integrantes do governo interpretaram a fala, em um encontro na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), como um recado para a permanência de Juscelino no governo.

“Nós teremos um tempo também para que o governo se estabilize internamente. Porque hoje o governo ainda não tem uma base consistente, nem na Câmara nem no Senado, para enfrentar matérias de maioria simples, quanto mais matérias de quórum constitucional”, declarou Lira.

Entenda as suspeitas

Além do uso do avião da FAB para ir a São Paulo, onde participou de uma série de eventos relativos ao mercado de cavalos, Juscelino destinou R$ 5 milhões do orçamento secreto para asfaltar uma estrada de terra que passa em frente a oito fazendas de sua família, em Vitorino Freire (MA).

O ministro também não estaria em dia com a Justiça Eleitoral por não ter informado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um patrimônio de ao menos R$ 2,2 milhões em cavalos de raça. Na prestação de contas da campanha para deputado também foi registrada inconsistência nos dados: uma lista falsa de cabos eleitorais teria sido usada para prestar contas de R$ 385 mil em gastos de Fundo Eleitoral . Entre os cabos eleitorais, há nomes de integrantes de uma mesma família de São Paulo que alegam não conhecer Juscelino.

O ministro das Comunicações teria contratado a consultoria de uma ex-diretora do Tribunal de Justiça do Maranhão condenada por fraudar a folha de pagamento da Corte. De acordo com colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, a Sapere Consultoria LTDA, que pertence a Maria Bernadete Carmo Lima, recebeu R$ 73.800 para fazer panfletagem, bandeiragem e carreatas na campanha à reeleição do deputado.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Novo Bolsa Família não vai pagar o 13º
As negociações para o lançamento de candidaturas nas eleições municipais mobilizam aliados de Lula e de Bolsonaro
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Show de Notícias