Segunda-feira, 16 de Setembro de 2024

Home Mundo Lula descarta rompimento com Venezuela, apesar de apreensão com agravamento da crise

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A nota oficial em que Brasil e Colômbia manifestam “profunda preocupação” com a ordem de prisão emitida pelo Ministério Público da Venezuela contra Edmundo González passou pelo crivo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, conversou nessa terça-feira (3), com Lula, por telefone, e disse a ele que a situação na Venezuela vem se agravando dia a dia. Depois de submeter o rascunho da nota com Lula, Vieira acertou o texto com o chanceler da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, que levou o documento para o presidente Gustavo Petro.

Apesar de destacar que a medida contra González – diplomata que em julho disputou as eleições contra Nicolás Maduro – dificulta a busca por “solução pacífica” negociada, a nota emitida por Brasil e Colômbia não significa o rompimento de relações com a Venezuela.

Mesmo assim, na avaliação do Itamaraty e do assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, Celso Amorim, Caracas resiste a qualquer tentativa de acordo para conter a escalada autoritária.

Lula não reconhece a vitória de Maduro e, a portas fechadas, tem avaliado que, depois de mais de um mês das eleições, nem mesmo a divulgação dos boletins de urna podem provar mais nada.

A conversa entre o presidente e o chanceler Mauro Vieira foi combinada logo após a notícia sobre a ordem de prisão contra González.

Depois de submeter o rascunho da nota com Lula, Vieira acertou o texto com o chanceler da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, que levou o documento para o presidente Gustavo Petro.

A prisão de González foi pedida pelo Ministério Público sob o argumento de que ele ignorou intimações para prestar depoimentos após acusar fraude nas eleições da Venezuela.

Nota conjunta

“Os governos de Brasil e Colômbia manifestam profunda preocupação com a ordem de apreensão emitida pela Justiça venezuelana contra o candidato presidencial Edmundo González Urrutia, no dia de ontem [segunda], 2 de setembro”, destaca-se no texto.

O comunicado ainda acrescenta que a medida judicial “afeta gravemente os compromissos assumidos pelo Governo venezuelano no âmbito dos Acordos de Barbados, em que governo e oposição reafirmaram seu compromisso com o fortalecimento da democracia e a promoção de uma cultura de tolerância e convivência.”

“Dificulta, ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais forças políticas venezuelanas”, conclui-se na declaração.

Inicialmente, eram três países da América Latina que conversavam entre si e buscavam encontrar uma solução para o impasse da Venezuela: Brasil, Colômbia e México. O México, no entanto, deixou as conversas, que agora estão concentradas em Brasil e Colômbia.

Lula já foi próximo de Maduro. Nos últimos meses, a relação esfriou, justamente em razão das ressalvas do Brasil ao modo como vinha sendo conduzido o processo eleitoral no país vizinho. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, também é de ideologia de esquerda, como Maduro e Lula — apesar das nuances que diferenciam os três.

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