Domingo, 26 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 14 de novembro de 2022
Em seu discurso de abertura no evento Brazil Conference, realizado em Nova York (EUA), o ex-presidente Michel Temer comentou, nesta segunda-feira (14), as manifestações golpistas que ocupam as frentes de quartéis e estradas.
“Fala-se muito em polarização. Mas esse conceito está mais ligado à questão de embate de ideias do que com o que de fato acontece hoje com o Brasil. Isso se chama radicalização, causando cenas como as assistidas, lamentavelmente, também aqui em Nova York”, disse Temer. O ex-presidente se referia ao pequeno grupo que se reuniu para protestar contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), convidados para o evento.
Temer disse ainda que tanto o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva quanto o atual mandatário, Jair Bolsonaro, deveriam “proferir palavras de harmonia” ao invés de incitar a polarização política.
“Tanto o presidente atual quanto o presidente eleito deveriam proferir palavras de harmonia em referência ao texto constitucional. Em vez de fazer críticas com palavras duras, eles deveriam tranquilizar o país e chamar para governar o país e reconstruir o Brasil”, afirmou Temer.
“Eu compreendo bem as angústias do presidente eleito, mas, em vez de fazer críticas ao atual, deveria chegar e dizer: ‘Peço sua colaboração’. Chamá-lo, até: ‘Venha governar comigo, auxiliar no governo, conversar, reconstruir o Brasil”, disse o ex-presidente.
Ao sucedê-lo como palestrante, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, elogiou a fala de Temer e disse que o ex-presidente “merecia mais tempo”.
Michel Temer abriu o evento promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais, fundado por João Dória, ex-governador de São Paulo.
Ministros do Supremo também estiveram presentes. Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso foram hostilizados por compatriotas em meio a protestos pela derrota de Bolsonaro.
Temer também foi hostilizado e xingado de “ladrão” por pessoas que o esperavam na porta de um hotel.
No domingo (13), Mendes e Lewandowski foram ofendidos e ameaçados por brasileiros em Nova York. Manifestantes foram até a porta do hotel em que eles estão hospedados para xingá-los.
As hostilidades foram cometidas quando os magistrados deixavam o hotel rumo a uma van posicionada na porta do prédio. “O que é seu está guardado, bandido”, disse um dos brasileiros, em direção a Gilmar, que foi xingado de “vagabundo” e acabou alvo de palavras de baixo calão.
Lewandowski também foi alvo de diversos palavrões e recebeu a pecha de “bandido”. “O fim está chegando”, afirmou um homem, em direção a ele. “A mamata está secando”, protestou. O ministro foi chamado, ainda, de “cachorro do governo”.
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, também foi alvo dos manifestantes. Ele foi chamado de “vagabundo” e “ladrão” nas dependências de um restaurante nova-iorquino.
Luís Roberto Barroso, outro componente do STF, acabou xingado enquanto passava pela Times Square, tradicional ponto da cidade americana.
“Nós vamos ganhar essa luta. O senhor está entendendo? Cuidado, hein? O povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte, está bom? Você não vai ganhar o nosso país Foge (sic)!”, diz uma mulher a ele, em tom de ameaça. “Não seja grosseira, senhora”, responde Barroso.