Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025

Home Política Lula emprestou dinheiro à Argentina? Entenda

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Nesta semana, Brasil e Argentina firmaram acordo de financiamento das exportações brasileiras para o País vizinho. Todavia, apesar de a ideia de “financiamento” ser associada a “emprestar dinheiro”, não é exatamente sobre isso que a proposta trata.

Os governos brasileiro e argentino costuraram um acordo em parceira com a Cooperação Andina de Fomento (CAF), um banco de desenvolvimento da América Latina, para garantir a exportação do Brasil para a Argentina, no montante de US$ 600 milhões. Essa garantia deve ser utilizada especialmente para exportações dos setores automotivos e de alimentos.

De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o Banco do Brasil (BB) funcionará como garantidor dos exportadores, ou seja, quando um exportador brasileiro vender para a Argentina, o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) garantirá o pagamento para o BB, que pagará ao exportador.

Na prática, a Argentina pagaria as exportações brasileiras em yuan, a moeda oficial da China, e o Banco do Brasil, em Londres, converteria a moeda chinesa no real que seria pago aos exportadores brasileiros.

Vai valer, por exemplo, para exportação de alimentos e de peças de carro. A fala de Haddad foi dada ao lado do ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, no Palácio do Planalto.

“O Banco do Brasil vai garantir as exportações brasileiras, o CAF vai garantir o Banco do Brasil. Como disse o ministro, quando você exporta autopeças para a Argentina, você garante divisas para a Argentina. Foi uma maneira que a CAF encontrou para restabelecer o fluxo comercial sem a Argentina abrir mão de reservas em yuan”, afirmou o ministro da Fazenda brasileiro.

Segundo Haddad, a proposta já está nas mãos da CAF, que será analisada no dia 14 de setembro pelo comitê gestor da entidade.

O ministro argentino afirmou que os governos brasileiros retomaram as conversas para aumentar as trocas fluviais entre os países, que segundo ele, foi interrompido durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Retomamos a iniciativa conjunta Brasil-Argentina de levar adiante a construção de nossas frotas fluviais, nossa marinha mercante fluvial, um processo que Brasil e Argentina haviam construído ao longo de 20 anos que havia sido interrompido no governo Bolsonaro por decisão do Brasil de não renovar o acordo”, afirmou.

A Argentina está passando por um grave momento de crise econômica, com escassez de dólar em meio às eleições presidenciais. O candidato de extrema direita Javier Milei lidera as pesquisas eleitorais, o que levantou um sinal de alerta para o governo brasileiro e criou um incentivo para estreitar as relações entre os dois países, atualmente governados por partidos de esquerda.

Haddad já havia declarado em maio a sua intenção em criar algum mecanismo de financiamento com os argentinos, para manter a participação brasileira no mercado vizinho. Essa seria uma forma de garantir que ao menos 200 empresas nacionais conseguissem manter seus acordos comerciais com a Argentina, sem maiores prejuízos financeiros.

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que o Brasil perdeu US$ 6 bilhões em exportações à Argentina nos últimos cinco anos, por conta da falta de mecanismos de financiamento. Por outro lado, a China estaria aumentando as suas relações comerciais com a Argentina porque estaria viabilizando essas formas de financiamento.

“Quando a Argentina dispõe de reserva em yuan para garantir exportação brasileira, oficialmente as reservas da Argentina diminuem. A Argentina, com apoio do CAF, não precisa abrir mão dessas reservas para garantir as exportações”, disse Haddad.

No final do mês de agosto, o presidente Lula disse que o governo estuda a utilização do yuan, moeda oficial da China, para transações com a Argentina. Segundo o petista, a moeda chinesa pode auxiliar o país vizinho.

O presidente voltou a defender a necessidade de se encontrar alternativas ao dólar, a moeda oficial dos Estados Unidos, usada como referência nas operações comerciais entre países.

“Tem país como a Argentina que não pode comprar dólar agora, está em uma situação muito difícil porque não tem dólar. Para vender para o Brasil, não deveria precisar de dólar. Vamos trocar nossas moedas, e os Bancos Centrais fazem os acertos no final do mês. Ou Brasil e China, ou Brasil e Índia”, argumentou Lula.

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