Terça-feira, 28 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de agosto de 2023
O mandato de Augusto Aras à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) expira em menos de dois meses. Sabendo disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro que fará um “pente-fino” nos nomes cotados à vaga.
Atentos ao movimento do petista nos bastidores, personagens importantes dos três Poderes já começam a trabalhar por seus preferidos. Na outra ponta, os principais candidatos articulam para se cacifar com aliados do petista. O chefe do Executivo consultará uma lista de autoridades do governo e do Judiciário antes de bater martelo.
Lula pretende ouvir os ministros Flávio Dino (Justiça), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), assim como o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA).
O chefe do Executivo também conversará sobre o tema com Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, ministros do Supremo Tribunal Federal, e Cristiano Zanin, seu antigo advogado, que tomará posse na Corte nesta quinta (3).
Para ditar o ritmo do processo, o próprio Lula só chamará os postulantes para uma conversa cara a cara a partir de setembro. Na terça (1º), o presidente afirmou que fará a escolha “no tempo certo, na hora certa”:
“Vou conversar com muita gente, vou atrás de informações de pessoas em que eu penso (para o cargo), vou discutir se é homem, se é mulher, se é negro, se é branco… Quando eu tiver um nome, eu indico”, disse.
Lula avisou ainda que será mais criterioso na escolha:
“Vou escolher com mais critério, com mais pente-fino para não cometer um erro. Não quero escolher alguém que seja amigo do Lula. Quero escolher alguém que seja amigo desse país. Alguém que não faça denúncia falsa.”
Atualmente o nome considerado mais forte dentro do Ministério Público, assim como no entorno do presidente, é o do subprocurador-geral da República Paulo Gonet Branco. Vice-procurador-geral eleitoral, ele foi o autor de um parecer que ajudou a sacramentar a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Integrante do Ministério Público Federal (MPF) há 36 anos, Gonet tem a simpatia e o apoio dos ministros do Supremo Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, de quem já foi sócio.
Além de Gonet, um nome cotado à sucessão de Aras é o do também subprocurador Antonio Carlos Bigonha, que ingressou no MPF em 1992 e chegou a presidir a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Mais alinhado ao campo ideológico do PT, Bigonha tem sido recomendado ao presidente por integrantes do partido e também por políticos de outras correntes. Ele foi um dos críticos à Lava-Jato no MPF e, em 2019, chegou a pedir a palavra, durante uma sessão da Segunda Turma do Supremo, para registrar em nome da PGR um “pedido formal de desculpas” aos magistrados por declarações de integrantes da força-tarefa de Curitiba.
Embora tenha apoio de alas do PT e setores do governo, Aras perdeu força nos últimos dias. Na sessão de abertura do semestre no STF, ele mencionou a saída iminente.
“Essa fala talvez seja aquela que posso fazê-lo antes da minha despedida em 26 de setembro vindouro”, declarou Aras.
No último fim de semana, em mais um aceno a Lula, Aras determinou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) lhe enviem relatórios sigilosos produzidos durante os primeiros meses da pandemia de Covid-19.
Esses documentos, que mostravam a importância do distanciamento social e da vacinação para controlar a doença, podem levar à responsabilização de Bolsonaro e do então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.