Quinta-feira, 01 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 30 de abril de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou uma intervenção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Lula não só escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior para o cargo de presidente do INSS, em substituição a Alessandro Stefanutto – demitido após a revelação de um esquema bilionário de fraudes no INSS –, como solicitou o aprofundamento das investigações sobre o desvio de recursos.
Antes, Waller ocupava o cargo de corregedor da Procuradoria Geral Federal, órgão da Advocacia Geral da União (AGU). Conforme o Planalto, Waller Júnior é bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais com pós-graduação em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro. Foi corregedor-geral do instituto de 2001 a 2004 e subprocurador-geral de 2007 a 2008.
A decisão de cuidar pessoalmente da mais nova crise do governo foi tomada por Lula após a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) descobrirem um duto no INSS pelo qual escoava o dinheiro de aposentados e pensionistas, que tinham descontos indevidos em seus benefícios.
O governo está preocupado com o impacto político do escândalo e age para dar uma resposta rápida. Além disso, o Palácio do Planalto avalizou uma operação para convencer deputados de partidos da base aliada a retirar as assinaturas de apoio à abertura de uma CPI do INSS.
Dos 185 parlamentares que subscreveram o requerimento para instalar a comissão – batizada pela oposição de “CPI do Roubo dos Aposentados” –, 81 integram partidos que comandam ministérios na gestão Lula. No União Brasil, por exemplo, foram 25 assinaturas favoráveis à CPI; somados, o PP e o Republicanos deram 36. No MDB, 11 deputados apoiaram a abertura da comissão e no PSD, nove.
Para instalar a CPI são necessárias 171 assinaturas. Agora, o governo atuará não apenas para que seus aliados recuem como conta com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para engavetar o pedido da oposição.
O Palácio do Planalto sabe que o escândalo, revelado na esteira da queda de popularidade de Lula, também será usado na campanha eleitoral de 2026, quando o presidente planeja concorrer a novo mandato.
Um dos objetivos da intervenção determinada por Lula é mostrar a origem do esquema, que, de acordo com a Polícia Federal, começou no governo de Jair Bolsonaro.
No pronunciamento feito nesta quarta-feira em rede nacional de rádio e TV, para comemorar o Dia do Trabalhador, 1.º de Maio, Lula afirmou que foi seu governo quem descobriu a fraude no INSS.
“Determinei à Advocacia-Geral da União que as associações que praticaram cobranças ilegais sejam processadas e obrigadas a ressarcir as pessoas que foram lesadas”, disse o presidente.
Antes, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, já havia indicado a estratégia a ser usada pelo Planalto ao argumentar que uma CPI também pode se virar contra a própria oposição.
“Se não me engano, de 11 entidades investigadas (como beneficiárias dos pagamentos indevidos), cinco ou seis foram credenciadas exatamente no governo Jair Bolsonaro”, destacou Gleisi.
Na tentativa de conter os danos, o Ministério da Previdência anunciou que parte do dinheiro desviado dos aposentados e pensionistas será devolvido na próxima folha de pagamento. Lula pretende manter o ministro Carlos Lupi, até mesmo para não perder o PDT como aliado. O presidente quer mostrar que o centro da crise está no INSS e por isso a intervenção é necessária.
A equipe de Lula ainda tenta encontrar, porém, um instrumento legal para ressarcimento de todo o montante. Pelos cálculos da Polícia Federal, os valores descontados irregularmente, de 2019 a 2024, chegam a R$ 6,3 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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