Sexta-feira, 26 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de setembro de 2025
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se ofereceu para ajudar Donald Trump a capturar líderes do cartel de drogas Tren da Aragua, informou a agência Bloomberg nesta sexta-feira (26). A proposta foi feita no início de setembro, depois que os EUA mobilizaram militares para operações antinarcóticos no Caribe.
Maduro tem buscado retomar negociações com Washington e, segundo fontes ouvidas pela agência, afirmou que poderia colaborar na localização dos chefes mais procurados do grupo criminoso, que atua em vários países das Américas e se tornou prioridade para o governo Trump.
A iniciativa foi acompanhada de uma carta enviada a Trump, na qual o presidente venezuelano pede diálogo direto para reduzir as tensões entre os dois países. O documento foi enviado poucos dias após o primeiro ataque dos EUA a uma embarcação venezuelana que, segundo Trump, transportava traficantes de drogas.
As tensões entre Trump e Maduro aumentaram desde que, há um mês, os EUA mobilizaram oito navios de guerra na região, sob o argumento de combater o tráfico de drogas. Trump também acusou Maduro de liderar um cartel, aumentando as especulações sobre uma possível intervenção militar na Venezuela.
O embate entre os líderes não é de agora. Em 2017, em seu primeiro mandato, Donald Trump chegou a falar em “opção militar” para a Venezuela.
Já em março de 2020, os EUA acusaram formalmente Maduro de narcoterrorismo. Atualmente, o governo americano oferece uma recompensa de R$ 50 milhões por informações que levem à prisão ou condenação do líder chavista.
Na carta, vista pela agência Reuters, Maduro rejeitou as alegações dos EUA de que a Venezuela desempenhava um grande papel no tráfico de drogas, observando que apenas 5% das drogas produzidas na Colômbia são enviadas através da Venezuela
Segundo Maduro, diz a Reuters, 70% das drogas foram neutralizadas e destruídas pelas autoridades venezuelanas.
“Presidente, espero que juntos possamos derrotar as falsidades que têm manchado nosso relacionamento, que deve ser histórico e pacífico”, escreveu Maduro na carta.
“Essas e outras questões estarão sempre abertas para uma conversa direta e franca com seu enviado especial (Richard Grenell) para superar o ruído da mídia e as notícias falsas.”
Ele observou que Grenell ajudou a resolver rapidamente as alegações anteriores de que a Venezuela estava se recusando a aceitar migrantes de volta, acrescentando: “Até o momento, esse canal tem funcionado perfeitamente.”
Os voos de deportação duas vezes por semana que transportam migrantes ilegais de volta para a Venezuela continuaram ininterruptos apesar dos ataques dos EUA, disseram à Reuters fontes familiarizadas com o assunto.
A carta de Maduro foi datada de 6 de setembro, quatro dias após um ataque dos EUA a um navio que o governo Trump alegou, sem provas, estar transportando traficantes de drogas.
O ataque matou 11 pessoas que, segundo Trump, eram membros da gangue Tren de Aragua e estavam envolvidas com o tráfico.
No sábado (20), Trump redobrou sua campanha de pressão, alertando em uma postagem em sua plataforma Truth Social que a Venezuela deve aceitar o retorno de todos os prisioneiros que, segundo ele, a Venezuela forçou a ir para os EUA, ou então pagar um preço “incalculável”.
O governo venezuelano, que diz ter enviado dezenas de milhares de soldados para combater o tráfico de drogas e defender o país, disse que nenhuma das pessoas mortas no primeiro ataque pertencia a Tren de Aragua.
Também nega as acusações de ligações entre autoridades venezuelanas de alto escalão e gangues de drogas.
Maduro alegou repetidamente que os EUA esperam tirá-lo do poder. Na semana passada, Trump anunciou pelo menos o terceiro ataque contra supostas embarcações de drogas da Venezuela, em meio a um grande reforço militar dos EUA no sul do Caribe, que inclui sete navios de guerra, um submarino nuclear e caças F-35.
O ataque matou “três homens narcoterroristas a bordo da embarcação”, disse Trump, sem fornecer provas.
Trump negou nesta semana que esteja interessado em uma mudança de regime na Venezuela, mas Washington dobrou no mês passado a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro para US$ 50 milhões, acusando-o de ligações com o tráfico de drogas e grupos criminosos.