Terça-feira, 18 de Novembro de 2025

Home em foco Maior onda de migração na Europa desde a 2ª Guerra custará 30 bilhões de euros a países vizinhos em 2022 e aumentará o risco de disseminação de enfermidades, entre elas a covid

Compartilhe esta notícia:

A maior onda de migração na Europa desde a 2.ª Guerra, com 3,7 milhões de ucranianos em um mês de ofensiva russa, desafia o sistema econômico e a estrutura sanitária no Leste Europeu. Segundo o Banco Mundial, o êxodo custará até € 30 bilhões aos países de acolhida em 2022 e autoridades de saúde alertam para o risco da disseminação de doenças, entre elas a covid-19.

A Polônia, país que recebeu mais refugiados até o momento, 2,2 milhões, deve gastar 0,25% de seu PIB até abril para responder à crise, segundo o Citigroup. A Moldávia, que recebeu 376 mil refugiados, terá o auxílio de Alemanha, França e Romênia, que definirão em abril os detalhes da ajuda.

A maioria dos refugiados é de mulheres e crianças, até porque o governo de Volodmir Zelenski proibiu os homens em idade de lutar de deixarem o país. Mais da metade das crianças na Ucrânia foram obrigadas a abandonar suas casas. “Um mês de guerra provocou o deslocamento de 4,3 milhões de crianças, mais da metade da população infantil do país, calculada em 7,5 milhões”, afirmou o Fundo da ONU para a Infância (Unicef).

Do total de crianças deslocadas, 1,8 milhão atravessou a fronteira para buscar refúgio nos países vizinhos e 2,5 milhões permanecem dentro da Ucrânia. Esse cenário terá impacto na demografia ucraniana. “A questão cultural, a proximidade da Europa, levou a uma abertura de fronteiras muito rápida. Logo vieram medidas para reduzir a burocracia para que as pessoas pudessem entrar. Mas entre receber e estruturar a vida dessas pessoas há um passo maior. Integrar as pessoas não é criar campos de refugiados”, explica Alexandre Uehara, professor da ESPM-SP e especialista em êxodos por guerras.

Para ele, existe um impacto também no caso de a Ucrânia passar ao controle russo. “Quando essa população deixa a Ucrânia, o retorno não é tão simples. Se a Rússia mantiver o controle político, isso levará a tensões dentro da Ucrânia, afinal a população que está lá, é mais pró-Ocidente. Isso dificulta ainda mais a volta das crianças”, afirma Uehara.

Deslocados

“Uma pessoa que tem o fundado temor de perseguição deve receber proteção. Os outros países devem abrir as fronteiras e fornecer políticas públicas para essas pessoas, com saúde, educação e até cursos de idioma, por exemplo”, diz a porta-voz da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.

Além disso, é preciso lembrar do alto número de deslocados internos, mais de 6 milhões. “Isso terá um impacto na Ucrânia pós-guerra, serão mais de 10 milhões de pessoas precisando de auxílio. O custo socioeconômico é muito alto. Falta comida, água, energia e isso vai piorando a cada dia”, disse Uehara.

Para a HRW, uma das preocupações é a situação em Mariupol, cidade cercada pela Rússia. “Esse tipo de cerco permite que poucas pessoas saiam. Então, vemos milhares de pessoas sem água, sem eletricidade e sem aquecimento em temperaturas congelantes. A comida está acabando. Isso retrata um pouco da tática brutal”, disse Maria Laura.

Além dos impactos econômicos e sociais, ter milhares de pessoas se deslocando implica muitos riscos do ponto de vista de saúde pública, principalmente no meio de uma pandemia. “Trata-se de uma população cujo nível de vacinação é baixo, cerca de 35%. Muitas pessoas podem chegar infectadas nos pontos de parada. Além disso, vão se aglomerar em locais de acolhida, e isso pode levar a focos de covid”, afirmou o médico e pesquisador no Instituto de Saúde Global de Barcelona, Quique Bassat.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Guerra na Ucrânia: uso de reconhecimento facial para identificar russos mortos não é totalmente seguro, dizem especialistas
Grêmio sofre a primeira derrota na disputa pelo Campeonato Brasileiro Feminino
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Show de Notícias