Segunda-feira, 04 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de agosto de 2025
Nos últimos anos, o Brasil tem tido mais mulheres do que homens como chefes de família, uma virada social e econômica que se consolida após anos de transformação. Uma pesquisa inédita da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que atualmente são mais de 41 milhões de domicílios que têm mulheres como principais provedoras, número que reflete não apenas autonomia, mas também uma série de desafios.
A análise da FGV, conduzida por Janaína Feijó, mostra o retrato atual dessa mulher. De cada cem lares brasileiros, 52 são chefiados por mulheres. A pesquisa aponta que essas mulheres são, em sua maioria, autodeclaradas pretas ou pardas, com ensino médio ou superior incompleto, e a maioria reside nas grandes metrópoles do Sudeste. Muitas já acessaram a universidade, embora nem sempre tenham concluído.
A pesquisa também destaca outros fatores para o crescimento do número de mulheres chefes de família: a educação feminina, que aumentou o poder de barganha das mulheres, mudanças econômicas e programas sociais que as colocam como ponto focal.
A queda da taxa de fecundidade também contribui, permitindo que as mulheres dediquem mais tempo ao trabalho e, consequentemente, aumentem sua renda. Um perfil crescente é o de mulheres casadas e sem filhos, cujo número saltou de quase 2 milhões para mais de 6 milhões em 12 anos.
Apesar dos avanços e do espaço conquistado, a realidade para as mulheres chefes de família ainda vem com “muitas responsabilidades” e “muita sobrecarga”. Elas enfrentam maiores taxas de desemprego, ganham menos mesmo na mesma função e estão mais na informalidade do que os homens.
Para a pesquisadora Janaína Feijó, é essencial desenvolver políticas públicas estratégicas e eficientes, adaptadas às particularidades de cada localidade do Brasil.
A historiadora Mary Del Priore enfatiza que a educação da mulher brasileira deve ser o maior projeto nacional, pois uma mulher formada e autossuficiente pode construir “o entorno necessário para termos uma sociedade mais saudável”.
Censo
O Censo de 2022 já evidenciava essa mudança. Entre as mulheres, 34,1% eram as responsáveis da casa, e 25% foram apontadas como cônjuge ou companheira. O Censo de 2010 mostrava outro cenário: 22,9% eram as responsáveis, e 29,7%, as cônjuges ou companheiras.
O estudo de 2022 mostrou ainda que, em 29% das casas onde as mulheres são as responsáveis, há a presença de um filho e ausência de cônjuge. Ou seja, em cerca de 3 em cada 10 lares brasileiros, as mulheres são mãe solo. No caso dos domicílios onde o homem é responsável, só 4,4% estão nessa categoria. (Com informações do portal de notícias g1)
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