Quinta-feira, 12 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de junho de 2025
O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o delator Mauro Cid, confirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que o ex-presidente discutiu e revisou minutas de documentos para decretar Estado de Sítio ou Estado de Defesa no País, no final de 2022, após as eleições, com objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por outro lado, Cid disse não ter qualquer conhecimento de que Bolsonaro tenha se envolvido em ações preparatórias para os atos de 8 de janeiro de 2023, quando radicais invadiram as sedes dos Três Poderes. Cid disse nunca ter ouvido conversas sobre isso no governo anterior.
As declarações ocorreram em depoimento dentro do processo criminal aberto contra Bolsonaro e outros sete réus acusados de integrar o “núcleo crucial” que teria liderado uma suposta tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas últimas eleições.
A tentativa de ruptura democrática, segundo a acusação da Procuradoria Geral da República, teria começado com a campanha contra o sistema eletrônico de votação e culminado nos ataques à sede dos Três Poderes em janeiro de 2023.
Depoimento de Cid
No depoimento, que durou pouco menos de 6 horas, Alexandre de Moraes questionou Mauro Cid sobre minutas que teriam sido discutidas por Bolsonaro, outros integrantes do governo e o comando das Forças Armadas, prevendo a decretação de Estado de Sítio ou Estado de Defesa, para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e convocar nova eleição.
Cid confirmou que uma dessas minutas previa a prisão do próprio Moraes e outras autoridades, como ministros do STF e o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD).
Segundo Cid, essa minuta foi “enxugada” a pedido de Bolsonaro para reduzir as autoridades que seriam presas.
“Ele enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor ficaria como preso. O resto…”, respondeu.
Cid disse ainda não ter qualquer conhecimento de que Bolsonaro tenha se envolvido em ações preparatórias para os ataques de 8 de janeiro de 2023. Cid disse nunca ter ouvido conversas sobre isso no governo anterior.
Para a acusação, o plano para manter Bolsonaro no poder teria começado com ataques infundados à segurança das urnas eletrônicas em 2021 e evoluído para minutas que abririam caminho para o golpe de Estado, um plano para matar Lula e pressões sobre as Forças Armadas para executar o golpe, culminando na depredação e invasão de prédios públicos em Brasília em 8 de janeiro de 2023.
A defesa do ex-presidente nega os crimes e diz que Bolsonaro estava fora do país, morando nos Estados Unidos, quando apoiadores radicais vandalizaram os principais edifícios da República.
No depoimento, Cid afirmou que havia pressões sobre o comando das Forças Armadas e sobre Bolsonaro para que fosse assinado um documento decretando Estado de Defesa ou Estado de Sítio.
Ele confirmou a versão de que o comandante da marinha, almirante Almir Garnier, foi o único comandante militar que aderiu ao plano de golpe.
Cid também disse que, apesar dessas pressões, tinha certeza de que nada aconteceria porque não havia apoio do comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes.
O delator relatou que mantinha contato frequente com Freire Gomes, pois o general temia que Bolsonaro assinasse algo sem ele saber.
“Nas conversas com o general Freire Gomes, o que ele explicava era o seguinte: ‘não adianta ter vinte minutos de alegria e vinte anos de regime militar’. Porque qualquer regime teria que ser segurado através das armas. Então era isso que o Brasil queria, não era isso que o Brasil precisava”, afirmou o delator.
“Então, essa sempre foi a ideia do Freire Gomes. Tanto que eu estava sempre informando o Freire Gomes sobre o que estava acontecendo. Auxiliando ele a ter essa visão sobre a conjuntura do que estava acontecendo”, disse ainda. Com informações do portal de notícias BBC Brasil.
No Ar: Pampa Na Madrugada