Domingo, 03 de Agosto de 2025

Home Brasil Mercado de trabalho cresce, mas IBGE evita falar em pleno emprego

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O mercado de trabalho acumula recordes na série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas o órgão evita afirmar se o país vive ou não um cenário de pleno emprego.

O termo abre margem para diferentes interpretações, e o instituto não usa o conceito pela ausência de uma métrica unificada para defini-lo.

No debate macroeconômico, analistas costumam falar em pleno emprego para descrever momentos nos quais pessoas dispostas e aptas ao trabalho encontram espaço no mercado. A estimativa de quando isso começa a ser registrado na taxa de desemprego não é unânime.

No segundo trimestre, a desocupação caiu a 5,8% no Brasil, de acordo com o IBGE. Foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo de 6% na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.

O chamado nível da ocupação, que mostra o percentual de pessoas de 14 anos ou mais que estão trabalhando, alcançou 58,8%, recorde da série.

Outras máximas foram o total de trabalhadores ocupados (102,3 milhões), a renda média mensal (R$ 3.477), o número de empregados com carteira assinada no setor privado (39 milhões) e o contingente de profissionais por conta própria (25,8 milhões).

Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, é possível falar em pleno emprego no Brasil. Isso porque, segundo ele, a taxa de desocupação vem abaixo da chamada taxa Nairu, que estima qual seria o nível natural de desemprego de determinado local que não acelera a inflação.

Vale projetou em julho que a Nairu ficaria em torno de 8% no Brasil. Como o índice divulgado pelo IBGE está menor, sinaliza um mercado de trabalho mais aquecido, com reflexos na inflação devido a fatores como escassez de mão de obra e aumento de salários, de acordo com o economista.

“A gente está vendo impactos na inflação de serviços que têm muito a ver com o cenário do mercado de trabalho”, afirma Vale.

Os preços dos serviços acumularam alta de 6,18% nos 12 meses até junho no IPCA, ao passo que o índice geral de inflação foi de 5,35%, segundo o IBGE.

Em nota, o instituto afirmou que não trabalha com o conceito de pleno emprego e chamou a atenção para as diferenças regionais no Brasil.

No primeiro trimestre, período mais recente com dados disponíveis dos estados, 16 das 27 unidades da federação mostraram taxas de desemprego superiores à média nacional da época (7%).

Pernambuco (11,6%) e Bahia (10,9%) registraram os maiores patamares. Santa Catarina (3%) e Rondônia (3,1%), por outro lado, tiveram os menores índices da pesquisa.

O economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), cita as diferenças regionais, mas considera que o Brasil vive um quadro de pleno emprego.

Ele estima que essa condição já pode ser alcançada a partir de uma taxa de desemprego no patamar de 6% a 7%, sem grande pressão na inflação. Como o indicador está abaixo disso (5,8%), a tendência é de reflexos sobre os preços, segundo Tobler.

“Acho que estamos em pleno emprego, porque é um momento de aquecimento muito forte do mercado de trabalho. Está mais aquecido do que se imaginava”, diz.

O economista Vitor Hugo Miro, professor da UFC (Universidade Federal do Ceará), afirma que é possível que o Brasil esteja em pleno emprego ou muito próximo dessa condição.

Segundo Miro, é difícil estimar qual seria a taxa de desocupação natural do país, que não gera reflexos sobre a inflação, mas ele cita a existência de projeções próximas a 8%.

Nessa comparação, os dados mais recentes mostram um cenário bastante aquecido, mas é preciso levar em consideração que o mercado de trabalho pode ter ficado mais “flexível” a partir de mudanças nos últimos anos, indica o professor.

Ele ainda destaca que a percepção sobre as condições de emprego e renda varia de região para região.

“A taxa de desemprego é uma média para um país muito heterogêneo como o Brasil”, aponta Miro, que também é pesquisador do FGV Ibre no Nordeste.

Para o economista Bruno Imaizumi, da consultoria 4intelligence, é difícil dizer se o país vive um cenário de pleno emprego, apesar do registro de indicadores positivos.

Na visão dele, os modelos de análise podem não ter captado todas as mudanças que atingem a área, como a transição demográfica e os impactos da tecnologia.

“Acredito que a gente irá conviver a partir de agora com taxas de desocupação mais baixas. Isso não significa que o mercado de trabalho como um todo esteja perfeito”, diz.

Ele afirma, por exemplo, que a taxa de informalidade continua “superelevada”, em 37,8%, apesar de estar em trajetória de queda.

O indicador mede o percentual de trabalhadores ocupados que estão sem carteira assinada ou CNPJ. As informações são do portal Folha de São Paulo.

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O mercado de trabalho acumula recordes na série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas o órgão evita afirmar se o país vive ou não um cenário de pleno emprego.

O termo abre margem para diferentes interpretações, e o instituto não usa o conceito pela ausência de uma métrica unificada para defini-lo.

No debate macroeconômico, analistas costumam falar em pleno emprego para descrever momentos nos quais pessoas dispostas e aptas ao trabalho encontram espaço no mercado. A estimativa de quando isso começa a ser registrado na taxa de desemprego não é unânime.

No segundo trimestre, a desocupação caiu a 5,8% no Brasil, de acordo com o IBGE. Foi a primeira vez que o indicador ficou abaixo de 6% na série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), iniciada em 2012.

O chamado nível da ocupação, que mostra o percentual de pessoas de 14 anos ou mais que estão trabalhando, alcançou 58,8%, recorde da série.

Outras máximas foram o total de trabalhadores ocupados (102,3 milhões), a renda média mensal (R$ 3.477), o número de empregados com carteira assinada no setor privado (39 milhões) e o contingente de profissionais por conta própria (25,8 milhões).

Para o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, é possível falar em pleno emprego no Brasil. Isso porque, segundo ele, a taxa de desocupação vem abaixo da chamada taxa Nairu, que estima qual seria o nível natural de desemprego de determinado local que não acelera a inflação.

Vale projetou em julho que a Nairu ficaria em torno de 8% no Brasil. Como o índice divulgado pelo IBGE está menor, sinaliza um mercado de trabalho mais aquecido, com reflexos na inflação devido a fatores como escassez de mão de obra e aumento de salários, de acordo com o economista.

“A gente está vendo impactos na inflação de serviços que têm muito a ver com o cenário do mercado de trabalho”, afirma Vale.

Os preços dos serviços acumularam alta de 6,18% nos 12 meses até junho no IPCA, ao passo que o índice geral de inflação foi de 5,35%, segundo o IBGE.

Em nota, o instituto afirmou que não trabalha com o conceito de pleno emprego e chamou a atenção para as diferenças regionais no Brasil.

No primeiro trimestre, período mais recente com dados disponíveis dos estados, 16 das 27 unidades da federação mostraram taxas de desemprego superiores à média nacional da época (7%).

Pernambuco (11,6%) e Bahia (10,9%) registraram os maiores patamares. Santa Catarina (3%) e Rondônia (3,1%), por outro lado, tiveram os menores índices da pesquisa.

O economista Rodolpho Tobler, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), cita as diferenças regionais, mas considera que o Brasil vive um quadro de pleno emprego.

Ele estima que essa condição já pode ser alcançada a partir de uma taxa de desemprego no patamar de 6% a 7%, sem grande pressão na inflação. Como o indicador está abaixo disso (5,8%), a tendência é de reflexos sobre os preços, segundo Tobler.

“Acho que estamos em pleno emprego, porque é um momento de aquecimento muito forte do mercado de trabalho. Está mais aquecido do que se imaginava”, diz.

O economista Vitor Hugo Miro, professor da UFC (Universidade Federal do Ceará), afirma que é possível que o Brasil esteja em pleno emprego ou muito próximo dessa condição.

Segundo Miro, é difícil estimar qual seria a taxa de desocupação natural do país, que não gera reflexos sobre a inflação, mas ele cita a existência de projeções próximas a 8%.

Nessa comparação, os dados mais recentes mostram um cenário bastante aquecido, mas é preciso levar em consideração que o mercado de trabalho pode ter ficado mais “flexível” a partir de mudanças nos últimos anos, indica o professor.

Ele ainda destaca que a percepção sobre as condições de emprego e renda varia de região para região.

“A taxa de desemprego é uma média para um país muito heterogêneo como o Brasil”, aponta Miro, que também é pesquisador do FGV Ibre no Nordeste.

Para o economista Bruno Imaizumi, da consultoria 4intelligence, é difícil dizer se o país vive um cenário de pleno emprego, apesar do registro de indicadores positivos.

Na visão dele, os modelos de análise podem não ter captado todas as mudanças que atingem a área, como a transição demográfica e os impactos da tecnologia.

“Acredito que a gente irá conviver a partir de agora com taxas de desocupação mais baixas. Isso não significa que o mercado de trabalho como um todo esteja perfeito”, diz.

Ele afirma, por exemplo, que a taxa de informalidade continua “superelevada”, em 37,8%, apesar de estar em trajetória de queda.

O indicador mede o percentual de trabalhadores ocupados que estão sem carteira assinada ou CNPJ. As informações são do portal Folha de São Paulo.

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