Quinta-feira, 16 de Outubro de 2025

Home Brasil Ministério da Fazenda nega que seja o responsável pela crise nos Correios

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Foco de crises no atual mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os Correios deixaram de ser lucrativos e passaram a ter prejuízos crescentes, com um rombo que chegou a R$ 4,37 bilhões apenas nos dois primeiros trimestres de 2025.

As perdas se acumulam desde o último ano do mandato de Jair Bolsonaro (PL), e foram agravadas sob a gestão do PT. Procurada, a estatal culpa a gestão Bolsonaro pela crise.

Até setembro, o presidente da empresa era Fabiano Silva, advogado do Prerrogativas, grupo de advogados ligados ao partido. Ele deu lugar a Emmanoel Schmidt Rondon, funcionário de carreira do Banco do Brasil.

A troca foi uma tentativa do governo de estabelecer um comando técnico para estancar os prejuízos da estatal. A decisão manteve os Correios sob o comando do Ministério das Comunicações, pasta à qual a empresa está subordinada e que é comandada pelo engenheiro Frederico de Siqueira Filho, indicado pelo União Brasil.

A taxação das “blusinhas”, o fim de monopólio de remessas, o rombo do fundo de pensão dos funcionários e o aparelhamento político estão entre as explicações para o naufrágio da estatal.

As razões para os resultados negativos dividem o próprio governo. Pessoas ligadas a Fabiano Silva atribuem a perda de desempenho da estatal a duas medidas do Ministério da Fazenda: o fim da primazia sobre a importação de remessas do exterior e a chamada “taxa das blusinhas”, que impôs 20% de imposto sobre compras de até US$ 50 em lojas virtuais baseadas no exterior, antes isentas.

A equipe econômica, por outro lado, vê problemas estruturais na companhia, ligados ao serviço de entregas, que não teriam relação com a tributação de produtos do exterior que entravam no Brasil sem pagar impostos.

Em nota, a estatal atribuiu os resultados negativos aos atos das gestões do governo Jair Bolsonaro, que planejava privatizá-la. Eleito com a ajuda do discurso liberal defendido pelo então ministro da Economia, Paulo Guedes, Bolsonaro incluiu os Correios e outras 16 estatais na fila de venda.

Foi só em 2021, contudo, que o governo entregou ao Congresso as propostas para viabilizar a privatização dos Correios e da Eletrobras. Enquanto a venda da estatal de energia elétrica caminhou, o projeto que viabilizaria a venda da estatal de correspondências empacou no Senado.

O plano de privatização dos Correios, estatal que foi criada em 1969, porém, não começou no governo Bolsonaro. A ideia foi anunciada ainda no governo de Michel Temer (MDB), em 2017. Mas sem qualquer avanço efetivo da proposta.

Durante a gestão Bolsonaro, os Correios fecharam no azul nos três primeiros anos. O lucro maior se deu durante a pandemia (2020 e 2021), quando, devido ao isolamento, houve aumento no número de entregas, principalmente do e-commerce. Em 2022, no último ano do governo Bolsonaro, a estatal teve prejuízo porque decidiu não recorrer de ações trabalhistas e precisou provisionar R$ 1 bilhão de forma retroativa no balanço de 2022.

Em agosto de 2023, uma instrução normativa da Receita Federal permitiu a transportadoras privadas que aderissem a um programa para tratar das remessas internacionais. A mudança desmontou o virtual monopólio dos Correios sobre esse mercado.

Um ano mais tarde, o governo promoveu a tributação de compras de até US$ 50 por meio de lojas online no exterior. A medida foi tomada a pretexto de igualar as condições de concorrência entre as indústrias do Brasil e as de países estrangeiros, mas também atendeu à necessidade de arrecadação do governo.

A ação, na visão da antiga gestão dos Correios, teria inibido as compras online do exterior e, consequentemente, reduzido a quantidade de encomendas tratadas pelos Correios.

 

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