Quarta-feira, 05 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de outubro de 2023
A Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados vai convidar a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para prestar esclarecimentos sobre o empréstimo para a Argentina a partir do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) para a Argentina.
Conforme apuração do Estadão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva orientou a ministra a conceder um empréstimo de US$ 1 bilhão à Argentina, para que o país tivesse contrapartidas para liberar um desembolso de US$ 7,5 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI). A rigor, o país vizinho não poderia mais ter acesso aos recursos porque já havia esgotado o limite de crédito. Com participação de 37,3% no capital do CAF, batizado como Comunidade Andina de Fomento, o Brasil tem o maior peso e influência nas decisões do banco.
A negociação ocorreu poucas semanas antes do pleito presidencial argentino, em que Javier Milei, defensor do libertarianismo, é um dos favoritos. Milei é adversário de Sergio Massa, candidato governista e ministro da Economia do governo Alberto Fernández.
Tebet é a governadora do Brasil no CAF. Por isso, a operação de socorro precisava do seu aval. Ela nega a atuação de Lula na liberação do empréstimo. A possibilidade de vitória de Milei provoca cada vez mais temor no governo brasileiro.
A deputada Bia Kicis (PLDF), presidente da comissão e autora de um dos requerimentos, disse que houve “a possibilidade de interferência no processo eleitoral de outro país”.
Além de Tebet, o colegiado aprovou requerimentos para o convite de Nísia Trindade (Saúde), Mauro Vieira (Relações Exteriores), Fernando Haddad (Fazenda) e Carlos Fávaro (Agricultura). No caso de convocação, ministros são obrigados a comparecer, sob pena de crime de responsabilidade caso se ausentem.
Entretanto, Simone Tebet, negou interferência do presidente Lula na liberação do empréstimo.
“Lula não me ligou”, disse Tebet à CNN. “Despachei com minha secretária de assuntos internacionais, que disse que os demais países votariam a favor”, completou.
A ministra acrescentou que também não tratou do assunto com o presidente presencialmente e que não consultou o titular da Fazenda, Fernando Haddad.
A secretária mencionada por Tebet é Renata Amaral, de Assuntos Internacionais e Desenvolvimento do ministério. Amaral decidiu o voto do Brasil em consultas com a área técnica do Itamaraty e da Presidência.