Sexta-feira, 11 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de julho de 2025
O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, classificou, nesta quinta-feira (10) como “ação indecente” a taxação de 50% de produtos exportados do Brasil aos Estados Unidos e reforçou que o governo federal busca ampliar mercados. Em nota, o ministro afirmou que está em contato com diversas entidades dos setores mais afetados, como suco de laranja, carne bovina e café.
Neste momento, vou reforçar essas ações, buscando os mercados mais importantes do Oriente Médio, do Sul Asiático e do Sul Global, que têm grande potencial consumidor e podem ser uma alternativa para as exportações brasileiras”, disse.
“As ações diplomáticas do Brasil estão sendo tomadas em reciprocidade. As ações proativas acontecerão aqui no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), para minimizar os impactos”.
O setor do agro é um dos mais afetados pelas tarifas de 50% anunciadas por Trump nesta quarta-feira (9), levando a diversas entidades do setor a se manifestar e criticar a medida.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) informou nesta quinta-feira que acompanha com atenção a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas adicionais de 50% sobre todas as importações de produtos brasileiros. Para a entidade, a medida não se justifica pelo histórico das relações comerciais entre os dois países.
“A economia e o comércio não podem ser injustamente afetados por questões de natureza política”, disse em nota. Em nota, a CNA afirmou que a tarifa adicional de 50% sobre os produtos brasileiros prejudica as economias dos dois países, causando danos a empresas e consumidores.
“Qualquer análise das relações entre os Estados Unidos e o Brasil, seja no campo do comércio ou dos investimentos, terá sempre de concluir que essas relações sempre serviram aos interesses dos dois países, não havendo nelas qualquer desequilíbrio injusto ou indesejável”.
Suco de laranja
Para o setor de suco de laranja, a decisão de Trump é “péssima” para a exportação de produtos da laranja. De acordo com o diretor-executivo da CitrusBR, Ibiapaba Netto, o segmento foi pego de surpresa e vai analisar os impactos da medida.
“Entendemos que essa medida afeta não apenas o Brasil, mas toda a indústria de suco dos EUA, que emprega milhares de pessoas e tem o Brasil como principal fornecedor externo há décadas”, disse.
Carnes
Na mesma linha, a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), que representa os principais frigoríficos exportadores do país, também criticou o uso de disputas geopolíticas como justificativa para barreiras comerciais.
“Reforçamos a importância de que questões geopolíticas não se transformem em barreiras ao abastecimento global e à garantia da segurança alimentar, especialmente em um cenário que exige cooperação e estabilidade entre os países”, destaca em nota.
A associação disse estar disposta a contribuir com o diálogo entre os dois países para que “medidas dessa natureza não gerem impactos para os setores produtivos brasileiros nem para os consumidores americanos”.
Café
O diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), Marcos Matos, destaca que o Brasil detém cerca de 30% da participação de mercado nos EUA.
Segundo o executivo, os Estados Unidos são o país que mais importa café e agrega valor na industrialização: para cada dólar de café importado, são gerados US$ 43 na economia americana, com 2,2 milhões de empregos, representando 1,2% do PIB norte-americano.
“Nós temos a esperança de que o bom senso prevaleça, com previsibilidade de mercado, porque sabemos que quem será onerado é o consumidor norte-americano. Tudo o que impacta o consumo é prejudicial ao fluxo comercial, à indústria e ao desenvolvimento dos países, produtores e consumidores. Portanto, estamos esperançosos de que se estabeleça uma condição mais apropriada e adequada para o comércio de café entre Brasil e Estados Unidos”, afirma Matos.
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