Terça-feira, 21 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de setembro de 2023
Documentos internos do Ministério da Justiça e Segurança Pública mostram que a Pasta tem 185 câmeras de segurança. Apesar do número elevado, o ministro Flávio Dino entregou à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) imagens captadas no 8 de janeiro por um reduzido número de câmeras.
Conforme apuração do Estadão, o Ministério enviou, primeiro, gravações captadas por duas câmeras. Nesta quinta-feira (31), foi remetido o novo conjunto de imagens captadas por pelo menos outras duas câmeras. Os equipamentos estão instalados na fachada lateral do ministério e captam a área onde está localizada a entrada privativa do ministro da Justiça.
As primeiras imagens enviadas por Dino mostravam pelotões da Força Nacional protegendo o Palácio da Justiça, edifício que fica ao lado do Congresso Nacional. Os novos vídeos entregues à CPMI revelam que o secretário-executivo do Ministério, Ricardo Cappelli, desceu por volta das 17h30 do gabinete onde acompanhava a invasão para orientar a tropa de policiais posicionadas em frente à pasta. Ele orientou que os agentes de segurança avançassem a barricada, que estava posicionada na entrada privativa do ministro.
Por volta das 16h54, as imagens mostram que dois carros oficiais deixaram a sede do Ministério. Às 18h50, com os prédios dos Três Poderes já retomados pelas autoridades, um grupo de manifestantes ainda se encontrava na entrada privativa do ministro. É possível ver eles deitados no gramado que fica ao lado da entrada privativa do ministro da Justiça. Eles conversam com os policiais e não são presos.
O ministro alega que o sistema de gravação do Palácio da Justiça, tem capacidade de armazenamento limitada a menos de 30 dias. Após, o que foi gravado vai sendo apagado para armazenamento de imagens mais recentes.
Flávio Dino colocou a culpa no contrato com a prestadora de serviços de manutenção do circuito de câmeras pela impossibilidade de fornecer à CPMI do 8 de Janeiro todas as imagens gravadas no dia da invasão aos prédios públicos em Brasília.
O contrato de manutenção da câmeras foi assinado em 2021, ainda na gestão Jair Bolsonaro. Na época, o ministério já tinha montado seu sistema de gravação que fica no prédio anexo ao Ministério da Justiça. Além das 185 câmeras, o sistema possui uma sala de gravação com drives que armazenam as imagens. As câmeras são semelhantes as que estão instaladas dentro da sala da CPMI no Senado.
O sistema em operação no Ministério da Justiça tem capacidade de recuperação de imagens gravadas em dias passados. Mas ao contrário do que alega Dino, o contrato com a empresa de manutenção das câmeras de CFTV (circuito fechado de TV) não especifica o tempo que as imagens devem permanecer preservadas até que possam ser apagadas automaticamente.
“Há um contrato sobre as regras de conservação dessas imagens. Havia imagens preservadas, porque estavam em inquéritos. A PF foi lá, no começo de fevereiro, e levaram nas imagens. Todas as imagens que existem foram entregues”, disse o ministro.
Ele afirmou ainda que fez um “esforço de recuperação” do que fora gravado naquela data. “Algumas das câmeras internas não estavam funcionando porque elas só funcionam mediante movimento”, alegou Dino.