Quinta-feira, 19 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de junho de 2025
A Polícia Federal (PF) concluiu as investigações sobre um esquema de espionagem ilegal montado na Agência Brasileira de Informações (Abin) durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O relatório final pede o indiciamento do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho dele, do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que chefiou o órgão na administração anterior e até de integrantes da agência no governo Lula (PT), por obstrução de Justiça.
No caso Bolsonaro, a Polícia Federal considerou que há indícios do crime de organização criminosa e indicou a responsabilidade dele no relatório. Segundo a PF, o ex-presidente tinha conhecimento do esquema, era o principal beneficiário, e há indícios de ele que fazia parte do núcleo político do grupo que atuou nas ações clandestinas e da instrumentalização da Abin.
O ex-presidente não foi formalmente indiciado nessa investigação porque a corporação entendeu que, como Bolsonaro já tinha sido indiciado pelo mesmo crime de organização criminosa na ação penal da tentativa de golpe – que também trata do uso ilegal da Abin –, não poderia ser indiciado novamente.
Espionados
Conforme as investigações da Polícia Federal, no esquema que ficou conhecido como Abin paralela, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas:
* Poder Judiciário: ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
* Poder Legislativo: o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o deputado Kim Kataguiri (União-SP) e os ex-deputados Rodrigo Maia, que foi presidente da Câmara, Joice Hasselmann e Jean Wyllys (PSOL).
* E os senadores: Alessandro Vieira (MDB-SE), Omar Aziz (PSD-AM), Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), que integravam a CPI da Covid no Senado.
* Poder Executivo: João Doria, ex-governador de São Paulo; os servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges; os auditores da Receita Federal do Brasil Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.
* Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Sigilo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes retirou nessa quarta-feira (18), o sigilo do relatório da PF sobre a investigação do esquema de espionagem ilegal montado na Abin durante o governo Bolsonaro.
De acordo com o documento, o ex-presidente era o “centro decisório” do esquema e definiu alguns dos alvos da chamada “Abin paralela”.
Com 1.125 páginas, o relatório final da PF detalha como aliados de Bolsonaro teriam criado uma estrutura dentro da Abin para monitorar opositores e apoiadores do então presidente, além de servidores, deputados, senadores e membros do Poder Judiciário.
Segundo as investigações, a Abin paralela usou o programa israelense First Mile para espionar quase 1,8 mil telefones. O software é capaz de rastrear celulares explorando vulnerabilidades nas redes de telefonia 2G e 3G do Brasil. (Com informações do Estado de S. Paulo)
No Ar: Pampa Na Madrugada