Terça-feira, 04 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 4 de novembro de 2025
Ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmam estar diante de uma verdadeira sinuca de bico. Às vésperas do julgamento do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, marcado para a noite desta terça-feira (4), integrantes da Corte relataram, em caráter reservado, desconforto com a decisão da presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia, de incluir o caso na pauta sem consultar previamente os colegas.
O processo, que está pronto para julgamento, não tem relação direta com a recente operação policial no Rio, que resultou em mais de cem mortes. A ação reúne um conjunto robusto de provas que poderiam levar à cassação do governador e à sua inelegibilidade, por supostos abusos cometidos durante a campanha eleitoral de 2022.
Entre ministros, há receio de que uma eventual condenação neste momento seja interpretada como perseguição a um aliado de Jair Bolsonaro, nome que mantém projeção política para 2026. A avaliação é de que tal decisão poderia reacender o discurso do ex-presidente de que o TSE atua para enfraquecer seu grupo político.
Parte da Corte considera que, às vésperas das eleições municipais, o ideal seria preservar a imagem do tribunal e evitar movimentos que o coloquem no centro de disputas políticas. Julgar Castro agora, dizem ministros, poderia ter o efeito oposto — especialmente em meio à tensão gerada pelos desdobramentos da operação no Rio.
Além do impacto político, há questões práticas. Segundo magistrados ouvidos reservadamente, o processo é extenso e não houve tempo hábil para que todos elaborassem seus votos. O caso foi pautado de forma repentina, e alguns ministros consideram precipitado julgar a cassação de um governador reeleito em primeiro turno, com quase 60% dos votos.
Diante desse cenário, a hipótese mais provável é a apresentação de um pedido de vista — o que adiaria a conclusão do julgamento. Mas essa alternativa também gera desconforto: deixar de julgar um processo pautado pode ser visto como uma tentativa de poupar o governador.
Nos bastidores, ministros avaliam quem poderia pedir vista de maneira a minimizar o desgaste institucional. O TSE é composto por três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), dois do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e dois representantes da advocacia.
(Com informações do O Estado de S.Paulo)