Sábado, 20 de Abril de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 5 de fevereiro de 2022
Montadoras, incluindo General Motors, Ford e Hyundai preveem que a restrição na oferta de chips que já dura quase dois anos diminuirá no segundo semestre deste ano, mas fabricantes de microprocessadores automotivos, por outro lado, esperam que a recuperação demore mais.
A escassez de chips custou à indústria automotiva global US$ 210 bilhões em receitas e uma produção perdida de 7,7 milhões de veículos em 2021, estimou a consultora Alix Partners em setembro.
As diferentes perspectivas sobre a questão enfrentada pela indústria automobilística prolongam a incerteza sobre sua recuperação da pandemia de coronavírus e correm o risco de dificultar seus esforços de transição para novas tecnologias com uso intensivo de chips, como eletrificação e segurança e recursos de assistente de direção.
A Tesla, que gerenciou o fornecimento de chips no ano passado por meio de estratégias que incluem a criação de novos softwares para lidar com as mudanças nos chips, espera que as dificuldades de oferta durem ainda ao longo deste ano antes de diminuírem no próximo.
A Qualcomm se mostra otimista. “Acho que muitos de nossos colegas estão priorizando o negócio de automóveis e entregando o máximo possível”, disse Akash Palkhiwala, diretor financeiro da empresa.
A Infineon disse na quinta-feira que o equilíbrio entre oferta e demanda por alguns modelos de chips vai melhorar a partir do segundo semestre deste ano, mas o mercado de microprocessadores mais antigos — cruciais para as montadoras — permanecerá apertado.
“As limitações de oferta estão longe de terminar e persistirão em 2022”, disse o presidente-executivo da Infineon, Reinhard Ploss, durante uma conferência com investidores.
A Ford fez parceria com a fabricante de chips norte-americana GlobalFoundries para reduzir a dependência da taiuanesa TSMC em chips de tecnologia mais antiga. “Aprendemos muito dolorosamente a lição de que não podemos gerenciar a cadeia de suprimentos para esses importantes componentes como temos feito”, disse o presidente-executivo da Ford, Jim Farley.
Oferta e demanda
Se houvesse uma retrospectiva da pandemia, a falta de semicondutores teria espaço garantido como ponto-chave na transformação da indústria automotiva: provocou paralisação da produção em todo o mundo e expôs a fragilidade de toda a cadeia de fornecimento. Só que o pesadelo dos fabricantes parece ter hora para acabar. “Nossa visão é de que a situação deverá começar a normalizar na segunda metade de 2022”, afirma Carlos Libera, sócio da consultoria Bain & Company na América do Sul.
E como tudo isso aconteceu? “Os fabricantes quase não têm estoque de peças e, ao prever que haveria redução de demanda, romperam contrato de fornecedores. Mas a queda foi momentânea e, quando o mercado reaqueceu, a produção dos componentes já tinha sido alocada em outros setores que também tiveram aumento de consumo, como smartphones, computadores, videogames e todos os itens de tecnologia embarcada. E essa transferência foi realmente muito rápida”, diz.
Para entender a importância dos semicondutores, é necessário lembrar que esse componente está presente em todos os produtos eletrônicos da atualidade – de calculadoras a naves espaciais. E o grande destaque está na capacidade de conduzir corrente elétrica somente quando há estímulo, o que faz dele parte essencial dos chips, por exemplo. Some isso à produção nas mãos de poucos players (como Global Foundries, Samsung, TSMC e UMC) e o resultado é um balé entre oferta e demanda.
“Estamos falando de uma indústria grande em todo o mundo, com valor estimado de 500 bilhões de dólares. É uma cadeia muito complexa, demanda investimentos altíssimos e tem capacidade limitada. E, como todos os equipamentos também são caros, o aumento da produção não acontece de uma hora para outra. Para ter ideia, o segmento automotivo representa apenas 8% de toda a receita dos fornecedores de semicondutores. É uma participação muito pequena comparada ao todo”.
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