Quarta-feira, 09 de Julho de 2025

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Antes de abordar o tema deste artigo , peço que leia estas duas acertivas logo abaixo; A situação análoga a escravidão é considerado a usurpação da liberdade pela exploração
do indivíduo. E mais.

O abandono de incapaz ou vulnerável, é um crime passível de punição, pessoas
nesta condição não conseguem se resolver sozinhas e precisam de ajuda para
ampará-las. Mas o que isso tem haver com moradores de rua? Tudo! Explico.

É sabido que “moradores” de rua são em sua imensa maioria pessoas que requerem
tratamento psicológico ou de dependência química, senão as duas coisas juntas. Todos nós sabemos que é praticamente impossível superar o vício das drogas sozinho, ou seja, sem ajuda da família ou de alguém para amparar.

Abordar este tema requer coragem para afirmar que: ninguém “mora” na rua por livre opção de vida, mas sim por abandono de si próprio e por enorme hipocrisia social. São abandonados pela família, depois pela sociedade e por fim abandonados por si próprio.

O dependente químico desiste de si mesmo e o doente mental leve , com ou sem
diagnóstico, usa as drogas ilícitas como terapia. É uma hipocrisia de afirmar que “morar nas ruas” é uma opção de vida , é na verdade sua penúltima opção , antes da morte.

Aceitar isso como normal é negar as ciências sociais e o processo civilizatório da
humanidade. Uma legislação equivocada e a compreensão de que a “liberdade lhe dá o direito de “morar nas ruas” , demonstra claramente que a legislação atual não atende nem quem vive nas ruas e nem pessoas que vivem em casas.

Os beneficiados deste flagelo são exclusivamente os traficantes de drogas que exploram suas vítimas até a morte. O tráfico de drogas “adota” quem já perdeu tudo, usurpando suas vontades, controlam a vida do indivíduo através da dependência química.

Devemos admitir humildemente que convivemos diariamente com a exploração humana em situação análoga a escravidão e com abandono de incapazes ou vulneráveis. Viver na rua está aparentemente dentro de uma normalidade legal.

Ninguém fala em direitos humanos para os humanos de rua !! São na verdade vítimas , exploradas , sob nosso beneplácito. Pessoas que imploram por socorro no silêncio e sem compaixão. São zumbis perambulando pelas ruas e inseridos na paisagem urbana, que passam despercebidos, quase invisíveis.

Afinal, o que é ser livre ? Muitos de nós acreditam que ser livre é fazer o que quer fazer e a hora que quiser ! É não estar preso a nada e a ninguém. É ter suas próprias regras. Immanuel Kant, filósofo alemão mergulhou fundo nesta questão, e em resumo, afirmava que a pessoa só é livre quando faz o que não quer!

Muito estranho, não é mesmo? Pois parece ser exatamente o contrário do que acreditamos do conceito de liberdade. No entanto, Kant quis dizer o seguinte: Quando fazemos apenas aquilo que queremos , somos, na maioria das vezes , escravos de desejos, de vícios e convenções. É o dever que nos leva a fazer o que realmente precisamos fazer!

Para Kant, a verdadeira liberdade está em agir de acordo com as leis naturais e universais, para isto, é preciso perceber o quanto a natureza é perfeita e harmônica. Somente mediante as responsabilidades e os deveres, que o homem se liberta da
insensatez.

Em nossa sociedade, temos o conceito de liberdade que cada um pode fazer o que quiser, desde de que não prejudique o outro. Entretanto , esse – “ o que quiser” – é tão relativo como dizer que : viver nas ruas é expressão de liberdade.

*Rogério Pons da Silva

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