Home Carlos Roberto Schwartsmann Moto: uma tragédia brasileira

Escrevo sobre motocicleta sensibilizado pela imensa tristeza que se instalou na minha paciente pós-perda do único filho de 22 anos em acidente. Esta não é uma tragédia isolada familiar.

É um flagelo nacional!

Segundo registros extraoficiais, no ano passado, morreram 45.000 pessoas em acidentes de trânsito no nosso país. Na guerra do Vietnã, durante 20 anos, morreram 50.000 americanos. Aqui, são 35 mortos por dia, só em acidentes com moto!

Um dado alarmante, uma chacina!

Levantamento realizado pela sociedade Brasileira de Ortopedia (SBOT) revelou que sete em cada dez vítimas de traumas graves são oriundas de acidentes com moto.

Geralmente são politraumatizados! O motoqueiro é o seu próprio para-choque. Como estão de pernas abertas aumentam as chances de fraturas na bacia com lesões abdominais e genitais. Em 20% ocorrem fraturas expostas. A média de internação destes pacientes é de 2 a 3 semanas. Lotam os hospitais de traumatologia.

Dez por cento ficam com sequelas graves e 3% sofrem amputações. Majoritariamente são homens (88%) negros (64%) e jovens de 20-30 anos (41%). Noventa por cento dos acidentes ocorrem durante o dia. Tristemente, 54% utilizam a moto como instrumento de trabalho.

Este é um aspecto interessante a ser analisado. O governo deveria oferecer um transporte mais seguro!

Porque não trocar a moto por um triciclo?!

O triciclo não pode serpentear nas avenidas e nem nas estradas. Nem subir nas calçadas. Tampouco pode ultrapassar pela direita.

Segundo o instituto Brasileiro do planejamento tributário (IBPT) a carga de impostos na fabricação de uma moto alcança a 64%.

Com isenção dos mesmos seria estimulante para indústria fabricar triciclos ao invés de motos.

Obviamente para melhorar este cenário seria urgente educar e conscientizar os condutores. Uma rigorosa fiscalização seria fundamental. Pasmem, segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN) mais da metade dos donos dos 33 milhões de ciclomotores registrados no Brasil não tem habilitação para conduzir os veículos!

No código de trânsito brasileiro dirigir sem habilitação é infração grave e o veículo pode ser retido.

No Brasil, apesar do descrédito nas leis, algumas delas são altamente respeitadas pela população porque funcionam.

É o caso da “lei de tolerância zero”.

Na condução de veículos, com ingesta de bebida alcoólica, a carteira pode ser apreendida e o carro também. A multa é salgada e atinge a 2.934 reais.

Por isso, todos nós temos medo da “balada segura”!

Para diminuírem os números desta tragédia brasileira será necessário engajamento de todos os envolvidos: conscientização dos motoqueiros, melhorar propostas governamentais de transporte e fortalecer a fiscalização!

(Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário – schwartsmann@gmail.com)