Quarta-feira, 28 de Maio de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de maio de 2025
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) afirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), na sexta-feira (23), que nunca participou de reunião com Jair Bolsonaro (PL) para discutir a chamada “minuta golpista” e que o então presidente estava “pronto” para entregar o governo ao petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Mourão foi vice-presidente Bolsonaro, mas se afastou do chefe do Executivo ao longo do mandato, tanto que foi substituído pelo general Walter Braga Netto na chapa que disputou a reeleição. Ele foi indicado como testemunha na ação penal da trama golpista pelo general Augusto Heleno, que foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
“Em todas as oportunidades, em nenhum momento ele [Bolsonaro] mencionou qualquer medida que representasse ruptura do ‘status quo’. As nossas conversas sempre foram em torno da transição”, disse durante o depoimento.
Mourão contou que esteve no Palácio do Planalto no dia seguinte à votação do segundo turno e disse que iria entrar em contato com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) “para começar a transição do novo governo ungido nas urnas”. “Bolsonaro estava pronto para entregar o governo para o presidente recém-eleito”, afirmou no depoimento.
Ele também contou que, no dia 8 de janeiro de 2023, estava em casa, “dentro da piscina”, e que desconhece qualquer participação de Bolsonaro e outros ex-integrantes do governo no movimento que terminou com a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes.
O senador também negou que tenha sofrido pressão nas redes sociais para aderir à trama golpista. “Eu sou vítima de ataques constantes na internet, faz parte do jogo político. Mas tenho certeza que não partem de companheiros que tive dentro do Exército, partem desses grupos que vicejam nesse pântano das redes sociais.”
Amizade de 40 anos com militares
Mourão disse ainda que tem uma amizade de mais de 40 anos com os militares que fazem parte do “núcleo crucial” da suposta organização criminosa e se tornaram réus por tentativa de golpe.
Em relação a Augusto Heleno, ele disse que o general sempre se destacou e foi muito respeitado por todos os seus pares e subordinados dentro do Exército .”Um homem que sempre deu o exemplo, aquilo que ele exigia dos seus subordinados, ele exigia dele mesmo.”
Mourão também teceu elogios a Braga Netto, a quem chamou de “brilhante”. “Ele construiu uma carreira militar extraordinária.”
Já sobre o tenente-coronel Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, o parlamentar disse conhecê-lo desde criança e que o considerava “um filho”.
Questionado sobre “prints” que mencionam seu nome encontrados no celular de Cid, Mourão voltou a dizer que nunca tratou de qualquer assunto relacionado à investigação com o ex-presidente e qualquer menção nesse sentido é “mais de uma dessas fantasias que circulam” na internet.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, então, perguntou se ele considera o delator um “mentiroso”. “Não posso dizer, não tive acesso ao que ele disse”, afirmou. As informações são do portal Valor Econômico.
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