Sábado, 11 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de outubro de 2025
No andar da carruagem, parece que a sorte mudou de lado. Tudo o que Lula e o governo fazem dá certo, enquanto os adversários da direita, do bolsonarismo e do centrão, amargam sucessivas derrotas.
O maior exemplo foi a aprovação da lei que isenta de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil reais por mês. A direita tentou inserir na discussão a contrapartida da anistia, mas não havia o menor clima para a barganha. Assim, sem alternativa, não podendo votar contra uma medida que beneficia milhões de pequenos contribuintes brasileiros, só lhes restou aderir e achar bonito.
Houve um muxoxo aqui e ali mas logo se esvaiu. Nem mesmo a tentativa oportunista de – na undécima hora – apresentar uma emenda elevando a isenção para R$ 10 mil prosperou: tiveram de botar a viola no saco.
A boa fase do governo já tinha dado o ar da graça com a “química” vislumbrada por Donald Trump, em relação a Lula: os bolsonaristas foram à loucura. É o que dá botar tantas fichas na suposta lealdade de Trump, na amizade com Bolsonaro, na influência do filho Eduardo. O personagem estroina é volúvel e errático, e muda de posição como uma biruta de aeroporto. Nada do que ele diz se escreve ou merece crédito.
É interessante notar que Lula não fez nenhuma menção à tal química, e não confirmou a pretensão de Trump de que havia gostado do brasileiro, e que “ele parece ter gostado de mim”.
Os bolsonaristas, a começar pelo embaixador do bolsonarismo, aquele que usa o mandato de deputado para cornetear o Brasil em Washington, Eduardo Bolsonaro, fez rodeios e volteios de linguagem para afirmar entre outras lorotas, que Trump é assim mesmo, e tudo não passa de tática do americano.
Jair Messias Bolsonaro, por enquanto, está em gozo de prisão domiciliar e tornozeleira. Tantas fez o moço, ofendeu, xingou, ameaçou, conspirou, que como o pato da musiquinha de Toquinho e Vinicius, foi pra panela. Não é tão ruim, mas em breve o STF decidirá aonde, de fato, ele vai cumprir a pena. Papuda, talvez. O Exército parece não querê-lo nas suas dependências, e menos ainda para cumprir pena.
Além de detido em casa, Bolsonaro aparenta não estar bem de saúde. Tanto é que seus correligionários mais fiéis são para lá de pessimistas. Vejam o que diz Ciro Nogueira (PP): “se botarem ele na cadeia é porque querem matar o Bolsonaro”. E Valdemar Costa Neto (PL): “Eduardo Bolsonaro ajuda a matar o pai se lançar candidatura contra a vontade de Bolsonaro”.
Mudaram também as ruas. A direita havia alcançado algo impensável: a supremacia nas ruas, atraindo multidões para seus eventos. Mas as manifestações contra a anistia e a favor da isenção do IR para quem ganha mais de R$ 5 mil, infladas nos efeitos das intervenções bizarras de Trump contra o Brasil e a nossa soberania, provocou uma alteração brusca na ordem vigente: lá estavam, nas principais cidades do país, milhares de cidadãos que tinham em comum o fato de não gostar de Bolsonaro.
Como pode mudar tão depressa? É a política, estúpido. Nada é cabal e definitivo. “Tudo que é sólido desmancha no ar”. Há poucas semanas atrás Lula estava em baixa e uma boa parte dos observadores já havia decretado o seu fim.
(titoguarniere@terrra.com.br)