Quinta-feira, 23 de Outubro de 2025

Home em foco Mundo revive riscos que levaram à Guerra Fria e equilíbrio é fundamental, diz novo embaixador francês

Compartilhe esta notícia:

O presidente da França, Emmanuel Macron, virá duas vezes ao Brasil no ano que vem, afirma o novo embaixador do país em Brasília, Emmanuel Lenain. Um dos principais líderes políticos da Europa, Macron finalmente cumprirá a promessa de realizar uma visita de Estado ao País, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de 2024. Depois, voltará ao Rio em novembro para a cúpula do G-20.

Na primeira entrevista concedida no País, o novo embaixador francês diz que Lula e Macron compartilham uma visão comum sobre o mundo e tentam desempenhar a diplomacia presidencial de forma semelhante – e às vezes incompreendida, ele observa. Para Lenain, ambos buscam exercer o papel de “ponte” em um mundo cada vez mais parecido com o cenário da Guerra Fria.

“O papel da França no mundo é ser uma ‘potência do equilíbrio’. Quer dizer, tentar conversar com todos. Algumas vezes não somos plenamente compreendidos. Sabemos que o Brasil, com o presidente Lula, compartilha do mesmo espírito”, disse Lenain, em seu gabinete na embaixada francesa.

Antes de desembarcar em Brasília, Emmanuel Lenain, de 53 anos, serviu como embaixador em Nova Délhi, na Índia, como cônsul-geral em Xangai, na China. Ele é diplomata de carreira desde 1997. Atuou no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova York, e foi encarregado de mediações de paz para Kosovo. Também trabalhou nas embaixadas francesas em Pequim, na China, e Washington, nos Estados Unidos.

A seguir, trechos da entrevista:

Divisão global

“Os nossos dois presidentes têm algo em comum: eles sentem que o mundo está muito fragmentado. Estamos vivendo num mundo perigoso. Temos crises de segurança, tivemos e podemos ter de novo uma crise de saúde. Temos a crise climática. Precisamos de toda a comunidade internacional para resolvê-las. Os dois presidentes sentem que devem servir como pontes entre os países, que devem ajudar a criar alguma unidade para sermos capazes de enfrentar esses desafios. E eles têm a mesma visão sobre como deveria ser. Ambos os países são muito apegados ao multilateralismo, queremos vê-lo funcionando. Apoiamos fortemente, há muitos anos, a entrada do Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O órgão precisa refletir o equilíbrio de poderes atual, e o Brasil precisa estar lá. O mundo deve ser regido pelo direito internacional, tanto quanto possível. Por isso Macron tem sido tão vocal sobre a guerra na Ucrânia”.

Papel da França

“O papel da França no mundo é ser uma ‘potência do equilíbrio’. Quer dizer, tentar conversar com todos. Insistimos muito nisso e algumas vezes não somos plenamente compreendidos por nossos parceiros. No começo da guerra na Ucrânia, Macron tomou um avião e foi conversar com Putin. Ele pensa que precisamos manter os canais abertos para discussão. Conversar apenas com amigos pode ser legal e agradável, mas não resolve os problemas. O dever da diplomacia é conversar com os inimigos e adversários, eliminar diferenças e encontrar soluções. Sabemos que o Brasil, com o presidente Lula, compartilha do mesmo espírito. O Brasil tem sido mediador da paz. É muito importante que um país seja capaz de construir pontes entre países do Brics e desenvolvidos. Seu país tem uma posição única para fazer isso”.

Mercosul

“A questão central do debate atual, há apenas alguns dias da abertura da COP-28 em Dubai, é como concluir o acordo de livre comércio de forma que contemple as preocupações que todos nós compartilhamos sobre a proteção ambiental. Não haverá estabilidade ou prosperidade comercial em um mundo com 2°C a mais. É por isso que a União Europeia quer que esse acordo inclua garantias de que nossos compromissos com o clima e a biodiversidade, bem como com os direitos dos trabalhadores, serão respeitados.

Não há obstáculos por parte de nenhum Estado-Membro, mas sim condições estabelecidas pela União Europeia para a conclusão desse acordo. A França apoia o mandato dado à Comissão Europeia para conduzir negociações e os presidentes Lula e Macron conversaram sobre o assunto em várias ocasiões. No entanto, você deve ter notado que vários parlamentos na Europa, incluindo o parlamento francês, expressaram fortes preocupações sobre as condições de produção no Mercosul. Essa é uma questão política altamente sensível”.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de em foco

Anatel publica medidas para evitar golpes com 0800; multa pode chegar a R$ 50 milhões
Bebê de 10 meses é o refém mais jovem sequestrado pelos terroristas do Hamas
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play
Ocultar
Fechar
Clique no botão acima para ouvir ao vivo
Volume

No Ar: Programa Debate Show