Quinta-feira, 13 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 13 de novembro de 2025
O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira (13), em Belém, um Plano de Ação em Saúde, o primeiro plano internacional de adaptação climática dedicado a esta área. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, falou na quarta-feira (12) sobre a iniciativa.
“Está todo mundo sentido o impacto que deve do ciclone ali em Rio Bonito do Iguaçú nesse último sábado, que já é uma evidência das mudanças climáticas, destruiu unidades de saúde, das 6 unidades, 5 foram totalmente destruídas. O que esse plano está dizendo? A reconstrução dessas unidades tem que ser feitas já com um padrão construtivo que é resiliente aos impactos das mudanças climáticas”, disse o ministro.
Como um segundo exemplo de implementação do plano, o ministro citou os três barcos hospitais de Belém, que levam o programa “Agora tem Especialistas” para regiões ribeirinhas.
“O que acontece, por exemplo na região Amazônica brasileira. Pelas mudanças climáticas, quando tem a seca, você interrompe a circulação, faz com que pessoas que estão esperando para cirurgias, para exames, tenham mais dificuldades ainda. Então esses barcos hospitais são uma adaptação do serviço de saúde para a realidade da região amazônica”, continuou.
O documento será apresentado pelo ministro durante uma Reunião Ministerial de Clima e Saúde no contexto da COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025) em que líderes mundiais também devem apontar suas impressões sobre o plano, declarando apoio ou não ao texto, que deve sofrer adaptações de acordo com a realidade local de cada País.
“Com esse lançamento do plano, a nossa expectativa também é captar mais recursos internacionais para financiar esses planos dos países”, disse Padilha.
No caso específico do Brasil, Padilha destacou que a mudança climática “não impacta da mesma forma todas as populações”. Por isso, em um primeiro momento, as medidas devem ser direcionadas para regiões em que já se tem mais evidências de uma necessidade de ação.
A iniciativa brasileira ocorre em meio ao agravamento de eventos climáticos extremos pelo mundo, como enchentes e secas, que estão cada vez mais frequentes e pressionam os sistemas de saúde.
Além disso, o aumento das temperaturas também impacta na proliferação de doenças, como a dengue, e na mortalidade por calor extremo ou outras doenças relacionadas à qualidade do ar, como as doenças respiratórias. Há ainda fatores relacionados ao aumento da desigualdade e redução da qualidade de vida.
De acordo com dados do Relatório Lancet Countdown América Latina 2025, os desastres climáticos extremos na América Latina custaram à região US$ 19,2 bilhões em 2024, o que representa 0,3% do PIB (Produto Interno Bruto). Somente o Brasil arcou com dois terços desse custo.
Confira as três principais bases que estruturam a proposta:
Vigilância e monitoramento
Considerar as influências do clima é essencial para sistemas de vigilância e monitoramento que devem ser compatíveis entre si e, considerando, principalmente as necessidades da parte da população que é mais vulnerável a esses tipos de fenômenos.
Políticas, estratégias e fortalecimento de capacidades baseados em evidências
Também se faz importante tornar mais eficiente as capacidades nacionais e locais de acelerar a instalação e criação de políticas e soluções baseadas em evidências científicas, o que poderá ser feito por meio de abordagens com participações multidisciplinares e intersetoriais, garantindo que vários setores da sociedade atuem de forma integrada.
As ações devem considerar princípios de equidade em saúde, justiça climática e governança inclusiva, assegurando a participação ativa de grupos relevantes.
Inovação, produção e saúde digital
Esse pilar foca principalmente em estimular a pesquisa e a ciência, a partir do desenvolvimento de tecnologias e práticas que possam atender as necessidades de saúde de todas as partes da população.