Sábado, 17 de Maio de 2025

Home Rio Grande do Sul “Não fiz nada errado”, diz advogado gaúcho preso em investigação de fraude milionária

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Capturado em Mato Grosso do Sul e reconduzido de avião ao Rio Grande do Sul na madrugada dessa sexta-feira (16), o advogado gaúcho Daniel Nardon negou envolvimento em fraudes judiciais que lesaram clientes em um montante de ao menos R$ 50 mihões. Ele disse ser vítima de “armação” e que tudo será esclarecido. “Não fiz nada errado”, declarou ao descer algemado na sede da Polícia Civil em Porto Alegre, de onde foi levado para a Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan).

“Usaram meu nome para praticar golpe e agora jogaram para cima de mim a responsabilidade”, prosseguiu. “Eu nunca fiquei com dinheiro de ninguém, trabalho há 27 anos e tenho 200 funcionários no escritório, de forma correta. Nada tenho a esconder, sou completamente inocente.”

Nardon, de 46 anos, teve a atividade profissional suspensa pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e estava foragido da Justiça. No dia 7 de maio, seu escritório foi alvo de operação. Outras 13 pessoas são investigadas por crimes como estelionato, falsidade ideológica, falsificação de documento particular, patrocínio infiel, uso de documento falso, fraude processual e apropriação indébita.

Ao menos 45 inquéritos têm como alvo o esquema, chamado pela Polícia Civil de “advocacia predatória” e que pode ter lesado milhares de pessoas. Além da suposta adulteração de documentos para ficar com dinheiro de processos judiciais vencidos por clientes, o grupo teria assinado procurações em nome de indivíduos já falecidos.

Ainda de acordo com os investigadores, a presença de Nardon no Mato Grosso indica um possível plano de fuga do País. Ele e estaria prestes a utilizar uma rota para atravessar da cidade brasileira de Ponta Porã (MS) para Pedro Juan Caballero, no Paraguai.

Uma das hipóteses é de que Nardon pretendia providenciar documentos de identidade falsos no Paraguai e, depois, chegar ao Uruguai, vizinho do Rio Grande do Sul. Mas ele já constava como foragido no sistema de alerta da Polícia Rodoviária Federal (PRF), com nome e foto: acabou reconhecido e preso por agentes da corporação em Dourados (MS), a bordo de caminhonete pilotada por um amigo.

Discrepância

Um dos casos passou a ser investigado em janeiro, a pedido do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS). No foco da apuração estavam ilícitos cometidos por meio de ações judiciais movidas em nome de uma pessoa que havia morrido em junho do ano passado.

“O investigado ingressou com ações judiciais de revisão de contrato contra instituição bancária, juntando procuração supostamente firmada pelo autor em 23 de agosto de 2024, mais de dois meses após a morte deste. A contradição foi detectada pelo juízo responsável e comunicada ao MPRS”, relata o delegado Vinícius Nahan.

A Justiça também se manifestou, na época: “Intimado a esclarecer a situação, já que a procuração e o ajuizamento distanciam mais de 60 dias desde a morte, mas o advogado se limitou a indicar que na época da assinatura da procuração desconhecia a morte do autor”. A alegação foi de que o óbito não havia sido informado oficialmente.

No entanto, segundo a Polícia Civil, a procuração falsa foi utilizada para propor a ação judicial em nome da pessoa falecida, sem qualquer ressalva. Além disso, documentos similares foram usados no ajuizamento de ao menos outras oito ações, distribuídas para diferentes varas cíveis da mesma comarca e na mesma data.

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