Terça-feira, 07 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 6 de outubro de 2025
O que mais preocupou o núcleo mais próximo da família Bolsonaro não foi a conversa telefônica em si entre Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, mas a reação pública do presidente dos Estados Unidos, que foi extremamente elogiosa. Trump escreveu que a ligação foi muito boa e que gostou da conversa, demonstrando um tom positivo que surpreendeu aliados de Bolsonaro. Lula e Trump conversaram na manhã dessa segunda-feira (6), por telefone. Há cerca de duas semanas, os dois se encontraram rapidamente nos corredores da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, quando Trump comentou que havia sentido uma “química” com o presidente brasileiro.
A percepção entre interlocutores da família Bolsonaro é que Trump decidiu adotar uma postura mais pragmática, inclusive porque, neste momento, terá que enfrentar pressão inflacionária em produtos importados do Brasil, como café e carne. Em agosto, entrou em vigor a tarifa elevada de Trump de 50% sobre esses produtos brasileiros. Bolsonaro e seu entorno contavam com essa pressão econômica para tentar reverter a condenação do ex-presidente Lula por suposto golpe de Estado.
A preocupação entre os círculos bolsonaristas aumentou ainda mais após o rápido encontro entre Lula e Trump na ONU, pois passou a existir a percepção de que de fato foi aberto um canal direto de diálogo entre os dois presidentes. Essa aproximação enfraquece de forma significativa a estratégia de usar a Casa Branca para pressionar o Brasil com sanções em função da condenação do ex-presidente. Na conversa telefônica, o nome de Bolsonaro sequer foi mencionado pelos presidentes.
Até então, Eduardo Bolsonaro vinha se valendo da falta de interlocução entre o governo brasileiro e a Casa Branca para tentar emparedar as instituições brasileiras. Nos últimos meses, essa estratégia resultou em medidas como o aumento das tarifas, o cancelamento de vistos de várias autoridades brasileiras, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), e até a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa.
Além disso, diversas notas de entidades e até mesmo da embaixada norte-americana foram divulgadas em tom de ameaça ao Brasil. No entanto, desde o encontro de Lula com Trump nas Nações Unidas, todas essas hostilidades cessaram, e nenhuma nova ação hostil foi tomada pelo governo dos Estados Unidos em relação ao Brasil. (Com informações do colunista Gerson Camarotti, do portal g1)