Quarta-feira, 24 de Abril de 2024

Home Economia O ano da maior crise de oferta na história da indústria automotiva terminou com o terceiro pior resultado de produção desde 2004

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Entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus, 2,25 milhões de unidades foram montadas em 2021. Apesar de o volume representar um crescimento de 11,6% sobre 2020, a base de comparação é fraca, já que no ano anterior a chegada da pandemia parou completamente a produção no mês de abril.

Divulgado nesta semana pela Anfavea, entidade que representa a indústria de veículos, o número inclui 210,9 mil unidades produzidas em dezembro, mês em que as montadoras correram para finalizar automóveis cuja produção não seria mais permitida neste ano por conta do aperto nos limites de poluição veicular aceitos no País.

Mesmo com o crescimento na reta final, o resultado da indústria automotiva em 2021 é um dos três mais baixos dos últimos 17 anos, superando neste período apenas 2020, por conta do choque da pandemia, e 2016, ano em que o setor chegou a seu ponto mais baixo na prolongada recessão econômica da época.

Gargalos

Comprometida por gargalos de logística – como a falta de navios e de contêineres –, inflação das matérias-primas e, principalmente, escassez de materiais, sobretudo os componentes eletrônicos, a produção seguiu distante dos níveis de antes da crise sanitária, quando as montadoras, mesmo sem repetir seus melhores momentos, fabricavam 700 mil veículos a mais.

Houve, por outro lado, mais veículos destinados às exportações, que subiram 16% ante o ano anterior e alcançaram 376,4 mil unidades em 2021.

Para 2022, a Anfavea prevê um crescimento de 9,4% na produção de automóveis leves e pesados. A entidade estima que 2,46 milhões de veículos serão produzidos neste ano, abaixo ainda do nível pré-pandemia. O presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, destaca que a projeção considera que o problema atual que afeta as cadeias de produção, a escassez global de semicondutores, continuará a afetar o setor intensamente ao menos no primeiro semestre de 2022.

Sob demanda

A pandemia causou dificuldade para a indústria brasileira, que deixou de produzir pelo menos 300 mil veículos zero no ano passado e isso pode ter alterado para sempre a forma como compramos veículos. Esse fenômeno deve acontecer não somente no Brasil, mas no mundo todo.

Além disso, a baixa produção de novos veículos impulsionaram as vendas de usados e seminovos. Dentre elas, a necessidade de levantar dinheiro para pagar dívidas, vendendo seu carro e comprando um de menor valor para “sobrar dinheiro”; uma maior oferta de crédito para financiamentos, o que facilita a compra dos mesmos; além do medo de usar o transporte público, muito por conta da pandemia. Por isso, a expectativa das montadoras de crescer 15% nas vendas de carro zero não se concretizou, ela chegou somente a 3% em 2021.

Antes do início da pandemia, as fabricantes tentaram prever quais os carros seriam os mais vendidos e acabaram a produzir em maiores quantidades.

Porém, a previsão não era certeira e muito dinheiro era desperdiçado. Juntando a margem de erro com a escassez pandêmica, a saída encontrada pelas montadoras foi vender sob demanda. Ao invés de comprar na hora, o cliente escolhe seu carro e encomenda como bem desejar.

Porém, nem todos os clientes estão dispostos a esperar por meses e, no Brasil, a venda de veículos usados e seminovos bateu recorde, crescendo 17,8% ano passado. Foi o maior crescimento da história do setor, que em média, tem altas de 3% a 4% ao ano.

É provável que as vendas continuem sendo realizadas sob demanda. Além de ser mais previsível para as fabricantes, o modelo é mais lucrativo. A Ford nos EUA oferece desconto de US$ 1 mil para quem encomendar qualquer veículo com antecedência.

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