Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 26 de agosto de 2023
Em seu último dia de visita a Angola, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente o Conselho de Segurança da ONU. Ao voltar a defender uma ampla reforma nas Nações Unidas, Lula disse que o organismo não faz a paz, e sim a guerra.
“A ONU de 2023 está longe de ter a mesma credibilidade de 1945 [quando foi fundada]. O Conselho de Segurança, que deveria ser da paz e tranquilidade, é o Conselho que faz a guerra”, disse ele.
Lula lembrou que Brasil, Índia, Alemanha e Japão querem vagas permanentes no Conselho de Segurança, assim como têm Rússia, Reino Unido, Estados Unidos, França e China. Defendeu maior representatividade no organismo na América Latina e na África. E criticou medidas unilaterais, sem aprovação da ONU.
“A Rússia invade a Ucrânia, os EUA invadem o Iraque…Quem faz a guerra são os países do Conselho de Segurança e quem vende as armas são os países do sistema de segurança.”
Lula disse que a China e os EUA nunca apoiaram claramente a candidatura desses países. Os chineses, por causa do Japão, e os EUA “nunca disseram sim, nem não”.
“Eles não querem que a gente entre. Vamos brigar com eles para entrar. Não temos que ter medo de fazer coisas utópicas. O mundo está precisando de um pouco de utopia, acreditar que o amor pode vender o ódio”, afirmou.
Lula também repetiu sua proposta de tentar convencer o Fundo Monetário Internacional (FMI) de converter a dívida de US$ 760 bilhões do continente dos países do continente africano em obras de infraestrutura. Disse que o valor devido está ficando “impagável”.
“É preciso iniciar uma nova briga. A lógica é tentar sensibilizar as pessoas que são donas da dívida, para que seja transformada em apoio à infraestrutura e prorrogar [a dívida] até que os países tenham condições de pagar.”
Educação e cultura
O presidente participou da cerimônia de inauguração da galeria Ovídio de Melo, no Instituto Guimarães Rosa. Disse que se dedicará à educação e à cultura neste sábado.
“A volta do Brasil à África se fará também pelo caminho da cultura”, afirmou, acrescentando que o governo brasileiro estuda abrir um Consulado Geral em Luanda..
Neste domingo, ele parte para São Tomé e Príncipe, onde participará de um encontro de líderes da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). O Brasil emite sinais de que quer se engajar na ampliação e no aprofundamento das atividades desse fórum, com atenção às áreas de segurança alimentar, saúde, meio ambiente e igualdade de gênero.
A CPLP é formada por nove países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Portugal e Timor-Leste.
Com isso, Lula fechará sua segunda rodada de viagens ao continente africano, voltadas para a retomada das relações do Brasil com a região. Ele esteve em Cabo Verde, em julho, após participar, em Bruxelas, de uma reunião de líderes latino-americanos, caribenhos e europeus.
Na sexta-feira (25), Lula participou, em Angola, da assinatura de acordos de cooperação em diversas áreas. Ao lado do mandatário angolano, João Lourenço, o presidente brasileiro afirmou que sua ida ao país representa “um retorno do Brasil à África”.
“Nos últimos anos, o Brasil tratou com os países africanos com indiferença”, afirmou. “Nós nunca deveríamos ter saído do continente africano. Muitas vezes por ignorância acham que fazer negócio com países ricos é muito melhor, mas países ricos querem exportar produtos manufaturados e importar de nós somente commodities.”
Brics maior
Lula começou a semana na cidade sul-africana de Johannesburgo. Ele participou da reunião do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O principal resultado do encontro foi a aprovação de seis países que poderão entrar no bloco a partir de janeiro de 2024: Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes e Etiópia.