Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home em foco O desafio de escoar a safra da Ucrânia com portos fechados

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A ONU alertou nesta semana que o mundo atingiu níveis recordes de insegurança alimentar. Enquanto isso, silos na Ucrânia estão lotados de grãos –alimento que poderia estar sendo enviado aos países mais pobres, não fosse a guerra provocada pela Rússia.

“Não há solução para a crise alimentar [global] sem integrar a produção agrícola da Ucrânia”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em uma reunião em Nova York. Ele espera um acordo com a Rússia apesar da guerra.

O secretário de Estado americano, Anthony Blinken, falou da maior “crise alimentar” do nosso tempo, e o chefe do Programa Mundial de Alimentos da ONU acrescentou que não se trata apenas da Ucrânia, mas dos “mais pobres dos pobres”.

“Se você tem algum coração, por favor, abra esses portos”, apelou David Beasley ao presidente russo, Vladimir Putin.

Estratégicos

O Programa Mundial de Alimentos da ONU compra metade de seus estoques de grãos da Ucrânia. Mas, desde o início da guerra, as exportações pararam porque os portos da costa do Mar Negro estão fechados. Nada se moveu no porto ucraniano de Odessa desde o início da guerra, “porque a conexão marítima não é segura”, relatou Petr Obouchov, do conselho da cidade portuária, à emissora France 24.

“Alguns cargueiros foram atingidos pelos russos e há muitas minas marítimas em frente a Odessa. A passagem não é segura”, ressaltou.

Ele também acredita que esforços para criar um corredor marítimo humanitário sejam uma solução a curto prazo. “Mesmo que a guerra terminasse hoje, precisaríamos de pelo menos seis meses para limpar o mar e reativar o porto”, ponderou.

A Ucrânia costumava transportar cerca de seis milhões de toneladas de grãos e oleaginosas por mês através de seus portos. Mas agora, os silos estão transbordando porque as exportações estão paralisadas.

Além disso, 57 navios com mais de um milhão de toneladas de grãos a bordo estão parados perto de Odessa, segundo o ministro da Agricultura ucraniano, Mykola Solskyi. Nem os capitães sabem quanto tempo o grão vai durar. Após três meses, “os problemas começam e parte da carga pode estragar”.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, presenciou a situação recentemente. “Vi silos no porto de Odessa cheios de grãos, trigo e milho prontos para exportação. Esses alimentos tão necessários estão retidos por causa da guerra na Ucrânia e do bloqueio dos portos do Mar Negro. Isso tem consequências dramáticas para as nações mais pobres. Precisamos de uma resposta global”, disse.

O coproprietário do porto de carga de Yuzhne, perto de Odessa, acredita que uma passagem marítima protegida é uma solução. À Rádio Free Europe, Andryi Stavnitser descreveu a situação atual nas instalações portuárias: “Está absolutamente quieto. Apenas gaivotas e corvos. Cinco mil trabalhadores estão sentados em casa”.

Existem modelos de corredores marítimos na Somália e em outros conflitos. “Navios militares turcos poderiam acompanhar os transportes. A ONU poderia organizar isso, uma espécie de corredor humanitário para o trânsito”, opina Stavnitser.

Logística

O porto do Mar Negro mais próximo de Odessa é Constanta, na Romênia. Agora, a ajuda de emergência está sendo fornecida por lá. Cerca de 240 mil toneladas de grãos da Ucrânia já chegaram e foram transportados em barcaças pelo Delta do Danúbio, por trem e por caminhão.

“Isso é possível com muito esforço”, disse Viorel Panait, CEO da Comvex, proprietária do porto. No entanto, não se pode substituir rotas de transporte marítimas tão grandes da noite para o dia. “Precisamos urgentemente de equipamentos”, alerta Panait.

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