Terça-feira, 30 de Abril de 2024

Home Brasil O embate jurídico no caso do bolsonarista que matou petista

Compartilhe esta notícia:

Um dos episódios mais marcantes e que revela o nível da polarização política que divide o Brasil nos últimos anos foi o assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT de Foz do Iguaçu (PR), morto a tiros por um militante bolsonarista durante sua própria festa de aniversário em julho de 2022, poucos meses antes das eleições presidenciais daquele ano.

O caso ganhou um novo capítulo recentemente. A Justiça do Paraná foi obrigada a adiar o júri popular que decidiria sobre a condenação ou não do policial penal Jorge José da Rocha Guaranho, autor do crime. A audiência, que estava prevista para quinta-feira (4), teve que ser remarcada para o dia 2 de maio, depois que os advogados do acusado abandonaram o tribunal.

Militante bolsonarista, Guaranho foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio doloso duplamente qualificado. Os advogados que representam a família de Arruda sustentam que o crime foi motivado por intolerância política. Sustentam também que o policial efetuou vários disparos naquele dia, colocando em risco a vida de outros convidados da festa.

Caso esse seja o mesmo entendimento do júri, Guaranho pode ser condenado a até 30 anos de prisão. A estratégia dos advogados do policial é rebater a tese de que o crime não aconteceu por divergências políticas. Até agora, ela não funcionou.

Os advogados apresentaram ao juiz que conduzia a sessão uma série de alegações e apontamentos. Relataram que não tiveram acesso a partes do processo, reclamaram que o réu também sofreu agressões, apontaram supostos erros processuais, além de pedirem a liberdade provisória do policial, preso desde 2022. O juiz negou o pedido e rebateu os apontamentos feitos pelos advogados, que deixaram o local logo em seguida.

Por sua vez, em meio a interrupções sucessivas dos advogados do réu, o promotor Luíz Marcelo Mafra exigiu, aos gritos, que a defesa ouvisse “calada” sua argumentação. Mafra sustentou que tais demandas apresentadas pela defesa seriam improcedentes, e defendeu a continuidade do julgamento. No mesmo sentido, o juiz responsável indeferiu os pedidos. Neste instante, os advogados do assassino abandonaram a sessão.

“Isso é uma afronta às normas processuais. A defesa se comporta como aquele que é o dono da bola e só permite o jogo se for do seu jeito, caso contrário, não tem partida. O que é lamentável. Fomos surpreendidos com essa postura. Importante ressaltar que isso não muda nada. A verdade está ao nosso favor”, defendeu o promotor.

“O crime é de ódio e tem como pano de fundo a violência política. O contexto foi esclarecido não apenas pelo testemunho dos convidados, mas também pelas imagens registradas por câmeras de segurança. Não é prudente, nem razoável libertá-lo. Também não é razoável que esse processo esteja se arrastando por tanto tempo em razão de manobras ardilosas da defesa do réu”, diz Daniel Godoy Junior, assistente de acusação que representa a família de Arruda.

Entenda o caso

Marcelo Arruda foi morto a tiros durante a comemoração de seus 50 anos com família e amigos no dia 9 de julho, em um salão de uma associação na cidade de Foz do Iguaçu. O tema da festa era uma homenagem ao presidente Lula, então candidato do PT à Presidência. Arruda era guarda municipal.

O autor do crime, Jorge José da Rocha Guaranho, estava em um churrasco com a mulher e o filho quando soube por colegas sobre a festa de Arruda. Armado, foi ao local e discutiu com os presentes. Depois, deixou a família em casa e voltou armado. Houve troca de tiros. Arruda foi alvejado e morreu. Os dois não se conheciam.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Agronegócio: PIB da cadeia da soja cresceu 21% no ano passado
Prisão de ex-vice-presidente acirra crise entre México e Equador
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Atualidades Pampa