Terça-feira, 11 de Novembro de 2025

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No Brasil, todo mundo conhece o cachorro caramelo: não tem raça definida, não tem pedigree, mas tem algo mais valioso que muita gente não tem: lealdade, resistência e presença.

Ele está sempre lá, firme, atravessando ruas como quem conhece o trânsito melhor que o Waze, e cuidando de obras, botecos e esquinas com a tranquilidade de quem entende o mundo mais do que deveria.

Pois é… Existe também o homem caramelo. Aquele sujeito comum, que não aparece em propaganda de perfume nem em campanha de banco, mas aparece às 5h da manhã, de mochila no ombro e dignidade no rosto.

Aquele que constrói casas, levanta prédios, solda estruturas, conserta motores, puxa energia, limpa ruas, opera máquinas, segura o País onde ele realmente existe: no chão.

Ele não tem diploma internacional, não tem sobrenome francês, não tem lifestyle no Instagram. Mas ele tem algo que vale mais que qualquer filtro:
caráter.

Só que, nos últimos anos, esse homem virou invisível. Ou pior: virou descartável. Veio a onda das entrevistas de TikTok onde perguntam para meninas bonitas quanto o homem “precisa ganhar” para ser digno delas.

E surgem números que desafiam até a matemática do Ministério da Fazenda: dez mil, vinte mil, cinquenta mil, cem mil. E a princesa, muitas vezes, não ganha nem dois…

Enquanto isso, o homem caramelo está ali, descascando a vida com as próprias mãos, sem reclamar, sem discurso, sem lacração, ajudando a manter e expandir o País.

Ele não tem carro importado, não usa relógio de dez mil, não tem personal trainer. Ele tem emprego, tem trabalho. Ele tem honestidade. E ele tem brio, palavra que hoje parece coisa de museu.

Mas a sociedade começou a tratá-lo como peça de reposição. Como se o homem comum tivesse perdido valor. Como se masculinidade fosse defeito. Como se força fosse opressão. Como se proteger a própria família fosse crime.

E aí vem a ironia que ninguém gosta de admitir: o mesmo sujeito que é ignorado quando está a pé ou de bicicleta, vira “partidão” quando vira mestre de obra, abre empresa, compra uma caminhonete usada e levanta a própria casa no terreno que pagou em dez anos com o suor de seu trabalho.

O homem caramelo cresce. Evolui. Vence. E, quando isso acontece, aparecem as mesmas mulheres que antes torciam o nariz, agora dizendo: “Homem assim está faltando”.

Não está faltando, minha filha. Tu é que não enxergaste! Porque, enquanto tu procuravas o príncipe encantado de salário irreal, o homem caramelo estava ali, fazendo o trabalho que sustenta o País que tu vives e a cidade que tu pisas.

Estava construindo o futuro enquanto tu construías expectativa. E mais um detalhe: o homem caramelo é simples, mas não é bobo.

Uma vez que ele percebeu que tem valor, que pode crescer, que pode prosperar, ele nunca mais aceita ser tratado como resto.

E aí é tarde. Porque esse tipo de homem só se entrega para quem vê o que realmente importa: a alma limpa, a força silenciosa e a verdade que ele carrega no peito.

No fim, o príncipe encantado não existe. Mas o caramelo existe. E é com ele que se constrói vida, casa, família, história.

O resto é ilusão com filtro do Instagram…

* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho

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