Domingo, 10 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de agosto de 2025
Recentemente, um vídeo viralizou na internet por causa da atitude inusitada de um pai. O filho aperta a campainha, com os olhos arregalados e o coração disparado. Mas a dona da casa abre a porta bem na hora, assustada, e flagra o menino, que congela na frente dela.
Ele fica sem jeito. Não sabe o que dizer.
— O que você está fazendo aqui? — pergunta a mulher.
Ele confessa, sem graça, que estava fazendo uma pegadinha. A ideia era apertar a campainha e sair correndo. Mas ela abriu a porta no exato momento.
Então, ela pergunta se o pai dele sabe que ele está ali e avisa que vai ligar para ele. Nesse instante, a poucos metros, uma voz firme grita:
— O que houve? O que você está fazendo?
O garoto responde:
— Eu fui pego!
E a voz devolve:
— Corre, seu idiota!
— Esse é seu pai? — pergunta a mulher, espantada.
O menino balança a cabeça, envergonhado:
— É sim. Ele disse que essa é uma fase importante da minha vida e que gostaria de fazer parte dela.
Logo, o pai sai correndo, rindo, e o menino corre atrás.
Após o vídeo ir ao ar, aquele homem travesso foi consagrado como o “pai do ano nas redes sociais”.
Pode parecer bobo, mas aquela travessura virou memória eterna. Coisas que marcam nossas vidas, pois há momentos na infância que só fazem sentido quando o pai está ali. Às vezes só observando de longe. Outras, participando da bagunça como um velho cúmplice.
E, infelizmente, há os que marcam pela ausência. Nem todos tiveram o privilégio de crescer com o pai por perto. E muitos só percebem o valor dessa presença quando ela já se foi.
Porque pai não é qualquer um. Nem “qualquer cachorro”, como alguns dizem. Não é o tio bonachão do churrasco, nem qualquer figura masculina.
Pai é quem ensina com o olhar, com o silêncio, com a presença firme. É aquele que, quando o filho cai, não corre para amparar. Apenas estende a mão e diz:
— Levanta. Você consegue!
É quem segura o guidão da bicicleta e solta sem avisar, só para que o filho descubra que já sabe pedalar. É quem ensina a respeitar os mais velhos, proteger os mais fracos, enfrentar valentões, dizer a verdade.
Pai presente: um privilégio que virou exceção
Dizem por aí que qualquer um pode ser pai. Que basta doar o sêmen. Mas não! Ser pai é proteger, prover e, principalmente, participar. É estar presente nas lutas, nas conquistas, nas derrotas.
É brincar com arminhas d’água, jogar videogame, bola no campinho, empinar pipa, correr na praia…
É voltar da pelada com os joelhos ralados e o sorriso aberto. É dar bronca, dar exemplo e dar tempo para refletir. É conversar sobre a vida, as amizades, os sonhos e até sobre a primeira namorada.
Mas estamos perdendo isso. As telas dos celulares estão ocupando o espaço do diálogo e do afeto. Estamos terceirizando a criação. Você sabe o que seu filho está aprendendo? São algoritmos… ou ideologias?
Quando o filho se afasta, nem sempre é culpa do destino. Às vezes, é distração.
Quantos pais deixam passar a infância dos filhos esperando “um dia mais tranquilo”? Quantos filhos deixam de ver no pai um herói… porque ele esqueceu que deveria ser?
Mas é possível reconectar
Às vezes, basta uma bola, uma risada, uma pescaria. Basta dizer:
— Vem cá, filho, deixa eu te mostrar uma coisa.
Outras vezes, é tarde demais. E aí, só resta a saudade. Porque seu menino (ou menina) já está prestes a se casar. E por mais que uma mãe se esforce, esse é um lugar que ninguém mais ocupa.
O pai que partiu cedo demais, ou o que simplesmente se foi mesmo estando vivo… ambos deixam o mesmo vazio. O mesmo sentimento: o que poderia ter sido…
Mas há os que voltam… Os que pedem perdão, mesmo já tendo sido perdoados no silêncio dos nossos corações.
Os que se redimem com um gesto, um abraço ou com um olhar cheio de lágrimas que diz:
— Me perdoa por ter sido menos do que você merecia.
Alguns filhos esperam por isso a vida inteira…
Este domingo é Dia dos Pais. E não importa se o seu está ao lado, longe ou só dentro do seu coração. Se foi herói, carrasco, ausente ou saudoso, o espaço dele em você é eterno.
Se você é pai, não desperdice seu tempo achando que ainda tem muito. Porque o tempo é efêmero…
A infância passa num piscar de olhos. E a adolescência voa como uma tempestade. O tempo não perdoa quem não perdoa.
E o amor verdadeiro nunca se perde. Ele sempre estará guardado num cantinho do coração, mesmo que numa única pequena lembrança…
Feliz Dia dos Pais aos que foram, aos que ficaram, aos que erraram, mas tentaram. E aos filhos que ainda reconhecem que pai não é qualquer cachorro.
Pai, mesmo que tenha errado, sempre terá um lugar sagrado dentro do coração da gente.
* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho
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