Terça-feira, 04 de Novembro de 2025

Home em foco O plano A de Putin na Ucrânia fracassou e os Estados Unidos precisam evitar o plano B

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Avalente e brilhante resposta da Ucrânia ao ataque da Rússia está sendo merecidamente aclamada em todo o mundo. Mas ela talvez esteja ofuscando um perigo crescente. Embora a ofensiva contra Kiev e nas imediações da região tenha falhado, a estratégia de Moscou no sul e no leste da Ucrânia pode ter sucesso.

Se isso acontecer, a Rússia terá transformado a Ucrânia em um país economicamente inviável, sem saída para o mar e ameaçado em três lados pelo poder militar russo, sempre vulnerável a outra invasão de Moscou. Será preciso muito mais apoio militar do Ocidente para garantir que esse resultado catastrófico não aconteça.

Can Kasapoglu, pesquisador de estudos de guerra e analista de estratégias de defesa, chamou a atenção, de modo antecipado, nas primeiras semanas da guerra, em um artigo para o Instituto Hudson. Há duas guerras diferentes ocorrendo na Ucrânia, uma no norte e outra no sul, sendo a última a “radicalmente mais bem sucedida” para Moscou.

A Rússia conseguiu deslocar tropas e suprimentos de suas bases na Crimeia e conquistar as cidades de Melitopol e Kherson. Mariupol está cercada e invadida pelos russos, e os soldados ucranianos encurralados não podem receber suprimentos.

O acesso da Ucrânia ao Mar de Azov foi bloqueado e, como Kasapoglu destaca, o Exército russo tem um corredor terrestre próximo da Crimeia até Donbas. E também está tentando se movimentar para o oeste, de Kherson para Odessa.

Odessa é o prêmio

Como o principal porto a partir do qual a Ucrânia comercializa com o mundo, trata-se da cidade mais importante economicamente para a Ucrânia. É também uma cidade repleta de significado simbólico. Foi ali, em 1905, que um motim no encouraçado Potemkin (que ficou famoso pelo filme de Sergei Eisenstein) marcou o início dos problemas da Rússia czarista.

Se Odessa sucumbisse, a Ucrânia ficaria praticamente sem saída para o mar e o Mar Negro se tornaria basicamente um lago russo – o que quase com certeza faria Moscou tentar a estender seu poder militar à Moldávia, que tem sua própria região separatista repleta de muitos falantes de russo (a Transnístria).

O presidente russo, Vladimir Putin, poderia apresentar esse resultado como uma grande vitória, libertando os que falam russo, conquistando cidades e portos cruciais e transformando a Ucrânia em um Estado vassalo inviável.

Isso não pode acontecer, e os ucranianos estão lutando de forma feroz para impedir que isso ocorra. No leste da Ucrânia, os russos estão tentando avançar a partir de Kherson, através da cidade de Mikolaiv, mas estão sendo frustrados pela coragem extraordinária dos habitantes da cidade, que, segundo relatos, explodiram a ponte que liga a cidade a Odessa, bloqueando os trilhos da ferrovia.

Esta semana, o Exército ucraniano disse ter usado seus mísseis Netuno e afundado o navio de guerra russo Moskva. Mesmo assim, é importante lembrar que, antes da invasão, a Rússia tinha uma vantagem de 10 para 1 nos gastos em defesa em relação à Ucrânia – e Putin parece determinado a avançar, independentemente dos custos.

Socorro do Ocidente

O que os EUA e o Ocidente podem fazer? Muito mais de tudo o que já estão fazendo. A Ucrânia precisa de mais armas, sobretudo daquelas que lhe dão imenso poder de combate assimétrico.

O general aposentado Mark Hertling, que tem sido perspicaz ao diagnosticar as fraquezas russas e os pontos fortes ucranianos, explicou-me que a Ucrânia precisa de mais equipamentos que lhe permitam manobras rápidas em torno das tropas fixas da Rússia.

Isso significa helicópteros, humvees armados, sistemas de lançamento múltiplo de mísseis e drones de todo tipo. Os drones turcos provaram ser uma arma incrivelmente eficiente neste conflito. Hertling incentiva que mais deles sejam doados à Ucrânia, assim como drones “camicase” americanos e drones apoiados por inteligência artificial.

A Marinha russa, que tem se concentrado no Mar Negro, continua a representar um grande perigo para Odessa, ameaçando sitiá-la ou realizar um desembarque anfíbio por trás das tropas ucranianas.

A Otan deveria considerar fazer algo semelhante ao que fez durante as guerras dos Bálcãs, na década de 1990. Ela deveria impor um embargo em torno dessas águas, impedindo o ingresso das tropas russas para atacar as cidades da Ucrânia ou reabastecer o Exército da Rússia.

Os navios da Otan operariam a partir de águas internacionais, dando a qualquer navio que se aproximasse um “aviso aos navegantes” de que as forças da Otan estão ativas na área e alertando-os a não avançar.

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