Domingo, 15 de Setembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 19 de maio de 2024
As exportações industriais aumentaram 5,7% em relação a 2023, atingindo 7,3 bilhões de dólares, segundo o Monitor do Comércio Brasil-EUA da Amcham Brasil. O ano de 2023 fechou tendo os Estados Unidos como o principal mercado para o Brasil no setor industrial, superando a União Europeia e o Mercosul, com o valor inédito exportado de 29,9 bilhões de dólares. “É uma trajetória que tem se mostrado bastante consistente”, diz o CEO da Amcham, Abrão Neto. O governo brasileiro espera mais parcerias estratégicas com foco em transição ecológica.
Neto acredita que exista uma janela muito favorável para essas ambições brasileiras. Pontos positivos são a aprovação de um novo marco sobre preços de transferência que aproxima o Brasil das melhores práticas internacionais consolidadas pela OCDE, ou a abertura do primeiro escritório na América Latina, em São Paulo, do Development Finance Corporation (DFC), agência americana de apoio a investimentos na área de desenvolvimento.
“Quando comparamos o comércio de bens, nossas exportações para a China se resumem a três produtos. Para a União Europeia, 19. Para os EUA, 49. É uma diferença significativa que ilustra essa relação comercial, que é muito diversificada”, afirma o CEO. Segundo os dados da Amcham, o Brasil teve o primeiro superávit comercial com os EUA em 16 anos em 2024: US$ 855,6 milhões.
Apesar de o volume exportado pelo Brasil para os EUA em 2023 ser recorde, com 37 milhões de toneladas e da corrente bilateral ser a segunda maior dentro da série histórica (abaixo apenas de 2022), os números de 2023 pareceram não refletir o ânimo esperado com o novo governo. Por quê?
Abrão Neto: A relação econômica e comercial entre Brasil e Estados Unidos tem uma trajetória de continuidade e tem tido um desempenho de crescimento bastante positivo. O ano de 2023 representou, por exemplo, em relação às exportações, um recorde de vendas de produtos de maior valor agregado da história: foram US$ 29,9 bilhões de exportação de produtos industriais para os EUA, um aumento de 1,2% em relação a 2022, e um fluxo comercial muito diversificado e com alta e média intensidade tecnologia. No nosso entendimento, esse foi um resultado bastante expressivo. Foi visto de maneira favorável pelo setor empresarial e entendemos, também, que por ambos os governos. A relação comercial tem conseguido trazer resultados positivos para as economias dos dois países.
O governo fala em renovar parcerias estratégicas com a transição ecológica.
Neto: O Brasil e os EUA são duas das maiores economias das Américas, então claramente há muito espaço para crescimento na relação econômica entre o dois países. A transição para uma economia de baixo carbono, o interesse e o potencial que os EUA têm no desenvolvimento e na exploração das energias renováveis são dois caminhos que nos aproximam bastante, que tendem a oferecer oportunidades concretas e significativas para os dois países. Em termos de parcerias estratégicas, eu também destacaria o desejo de diversificação de cadeias de fornecimento e redução dos riscos no comércio internacional como fator que nos aproximam como possibilidade de investimento, de comércio. O fato de os dois países serem chave para a segurança alimentar do mundo também é um ponto importante de aproximação. De uma maneira geral, no entendimento da Amcham, há uma janela muito favorável para o fortalecimento dos laços e cooperação entre os dois países.
O que os dois governos poderiam fazer de prático e mais imediato para ajudar essa relação?
Neto: No âmbito bilateral é muito bem-vinda a atuação de ambos os governos para indicar com clareza os espaços de oportunidades para o setor empresarial. Há conversas entre os dois governos na área de sustentabilidade e agenda climática e de energias limpas. O avanço desses diálogos indica para as empresas de ambos os países caminhos para se explorar oportunidades em conjunto. Isso daria uma celeridade maior para investimentos e iniciativas. Há também, do ponto de vista bilateral, o interesse na redução das dimensões da bitributação que acontece entre os dois países. Recentemente o Brasil, por exemplo, aprovou um novo marco sobre preços de transferência que nos aproxima das melhores práticas internacionais consolidadas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE] e isso acabou reduzindo também algumas instâncias de dupla tributação. Mas essa é uma demanda de longa data do setor empresarial e que ajudaria a incentivar mais o comércio e os investimentos.
No Ar: Pampa Na Madrugada