Domingo, 05 de Outubro de 2025

Home Mundo O que falta para que Lula e Trump conversem de novo

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Já se passaram mais de 10 dias desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mencionou em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) a possibilidade de um encontro com o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva – na ocasião, o republicano disse que um encontro poderia acontecer na “semana que vem”, prazo que acabou de terminar.

Naquele dia, em 23 de setembro, Trump contou que havia interagido com Lula por alguns breves segundos nos bastidores da assembleia, em Nova York.

O americano, que discursou logo após o brasileiro, disse diante do plenário da ONU que ambos tiveram uma “química excelente”, trocaram um abraço e combinaram o encontro.

Entretanto, até o momento, não há detalhes concretos sobre quando ou como se daria esse novo contato.

Uma fonte do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) afirmou que não se trata de uma demora, mas de um intervalo natural para se conciliar a agenda complexa dos dois presidentes. Essa fonte destacou que a negociação para isso está em curso.

Diplomatas brasileiros e americanos que acompanham o tema dizem reservadamente à BBC News Brasil que todas as possibilidades estão sendo consideradas.

É possível que os dois líderes tenham uma conversa por telefone ou videoconferência antes de se reunir pessoalmente. Lula não descarta ir a Washington, mas o encontro também poderia ser realizado em um terceiro país, em local neutro.

Uma oportunidade seria a cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que ocorre a partir de 26 de outubro em Kuala Lumpur, na Malásia, da qual Lula e Trump devem participar.

O mais provável é que os Estados Unidos sugiram uma data e que o governo brasileiro avalie a disponibilidade na agenda de Lula e ofereça uma resposta.

Até o momento, porém, não há definição oficial do lado americano. Os nomes mais próximos de Trump tampouco parecem demonstrar empolgação com a possibilidade de aproximação entre os dois presidentes.

O secretário de Estado americano, Marco Rubio, cujo cargo é equivalente ao do ministro das Relações Exteriores no governo brasileiro, é um dos que defendem medidas contra o Brasil e já deu diversas declarações nesse sentido nos últimos meses.

A situação é complicada pela paralisação do governo americano iniciada na quarta-feira (1°), resultado da falta de acordo no Congresso sobre o orçamento federal.

Diplomatas de ambos os países dizem reservadamente à BBC News Brasil que, mesmo sem impacto direto, o chamado shutdown pode afetar os preparativos para o encontro, que ficaria em segundo plano para o governo americano diante da crise doméstica.

A reportagem pediu um posicionamento oficial do Itamaraty, que preferiu no momento não se manifestar.

Uma reunião formal entre Lula e Trump seria a primeira depois da escalada da tensão entre os dois países e representaria uma oportunidade de destravar negociações.

Há meses, o governo americano vem impondo tarifas comerciais e outras medidas contra o Brasil em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro — que é aliado ideológico de Trump e foi condenado em setembro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe de Estado após perder a eleição de 2022.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro, mudou-se para os Estados Unidos neste ano e desde então tem se empenhado em articulações junto à Casa Branca por sanções ao Brasil, tentando pressionar pela absolvição e anistia do pai.

As sanções mais recentes foram anunciadas pelos EUA apenas um dia antes do aceno de Trump na ONU: Viviane Barci de Moraes, mulher do ministro do STF Alexandre de Moraes, e a empresa LEX – Instituto de Estudos Jurídicos, que pertence à família do magistrado, foram submetidas à Lei Magnitsky, que pune estrangeiros considerados pelo governo americano como autores de graves violações de direitos humanos e práticas de corrupção.

Desde o início, Trump deixou claro que as medidas contra o Brasil tinham natureza política e se referiu diversas vezes ao julgamento de Bolsonaro como uma “caça às bruxas”.

Foi nesse cenário que, segundo diplomatas de ambos os países, ocorreram articulações para tentar atenuar a tensão, culminando no breve encontro entre Lula e Trump nos bastidores da ONU.

Conversas reservadas envolveram autoridades como o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o secretário de Estado, Marco Rubio, que mantiveram contatos desde julho, incluindo uma reunião presencial em Washington.

Também houve esforço do empresariado do Brasil diante da taxa de 50% imposta sobre produtos exportados do país para os EUA, em vigor desde agosto.

Apesar de cerca de 700 produtos terem sido isentos, a sobretaxa afetou vários setores no Brasil e também da própria economia americana.

No entanto, apesar da movimentação de autoridades e empresários, e do fato de que um breve contato entre Trump e Lula nos bastidores da ONU já era cogitado, o aceno do americano durante seu discurso ocorreu de improviso e gerou surpresa.

A fala oficial, preparada com antecedência, incluía críticas duras ao Brasil — que foram verbalizadas por Trump, concomitante ao aceno para Lula.

“O Brasil agora enfrenta tarifas pesadas em resposta a seus esforços sem precedentes visando interferir nos direitos e nas liberdades de nossos cidadãos americanos e de outros. Com censura, repressão, utilização da corrupção no sistema judiciário como arma e perseguição de críticos políticos nos Estados Unidos”, disse o presidente americano na ONU.

Envolvidos nos preparativos consideram provável que um encontro presencial entre Lula e Trump, onde quer que seja realizado, só acontecerá após uma conversa inicial por telefone e dependendo dos resultados desse contato.

No entanto, ressaltam que a definição final vai depender da vontade dos dois presidentes. As informações são da BBC News.

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