Domingo, 03 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de agosto de 2025
As tarifas de 50% que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs ao Brasil são as mais altas que ele aplicou a qualquer país neste ano, enquanto remodela um sistema de comércio global que considera injusto para os Estados Unidos. No entanto, o país tem, na verdade, um superávit comercial com o Brasil há mais de uma década.
Na verdade, Trump está mirando o Brasil em grande parte por razões políticas — o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu aliado, que é acusado de planejar um golpe após perder a última eleição presidencial. Trump chamou o caso de “caça às bruxas”.
Ainda assim, as tarifas foram suavizadas por centenas de exceções, incluindo algumas das exportações mais importantes do Brasil para o mercado americano, o que pode tornar o efeito sobre a economia brasileira menos grave.
Mesmo assim, as taxas afetarão bilhões de dólares em mercadorias e, se permanecerem em vigor, causarão impacto em ambas as nações.
Sob negociação
Brasil e Estados Unidos negociam principalmente produtos de energia, ferro e aço, aeronaves e maquinário. O Brasil também vende commodities como café, carne bovina, suco de laranja e especiarias no mercado americano.
Muitos produtos brasileiros chegam como materiais semielaborados de que as empresas americanas precisam para fabricar seus próprios produtos.
Algumas dessas exportações brasileiras, como o aço, já estavam sujeitas a tarifas impostas por Trump no início deste ano. Uma longa lista de outras, incluindo suco de laranja e aeronaves comerciais, será isenta das novas tarifas de 50%.
“Na verdade, não foi tão ruim quanto temíamos”, disse Paulo Feldmann, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP). “Isso nos deu um certo alívio.”
O Brasil deve agora decidir se aplica suas próprias tarifas de retaliação aos Estados Unidos, seu segundo maior parceiro comercial depois da China. Por enquanto, o país parece estar adotando uma postura menos confrontadora.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que Trump não pode interferir nos assuntos internos de seu país, mas disse que o Brasil permanece aberto a negociar sobre comércio.
Parceiro importante
Os Estados Unidos vendem bilhões de dólares a mais para o Brasil do que importam do país. No ano passado, registraram um superávit comercial de US$ 7,4 bilhões com o Brasil em um comércio de cerca de US$ 92 bilhões.
O Brasil está em melhor posição para lidar com as tarifas do que outras nações que Trump visou, como México e Canadá, que construíram suas economias em grande parte em torno da exportação de bens e serviços para os Estados Unidos.
A economia do Brasil é impulsionada por uma mistura de consumo interno e exportações agrícolas de produtos como petróleo, soja e carne bovina.
As exportações representam cerca de um quinto de seu Produto Interno Bruto (PIB), com apenas 12% enviados para os Estados Unidos em comparação com 28% para a China, mostram dados do governo brasileiro.
Mesmo antes de Trump anunciar as tarifas mais altas, o Brasil já vinha reduzindo sua dependência dos Estados Unidos e estreitando laços com outros países por meio de sua aliança com os demais membros do grupo Brics, de nações em desenvolvimento.
“Não vou chorar pelo leite derramado”, disse Lula em entrevista ao The New York Times na terça-feira (29). “Se os Estados Unidos não querem comprar algo nosso, vamos procurar quem queira.”
Carne e café
Quase 700 produtos estarão isentos das tarifas, incluindo itens como suco de laranja fresco, que os Estados Unidos importam principalmente do Brasil.
Essas exceções significam que cerca de 45% dos produtos brasileiros estarão isentos da nova taxa, de acordo com Abrão Neto, presidente da Câmara Americana de Comércio no Brasil. “Isso é positivo”, disse ele.
Em vez disso, a maior parte do impacto econômico estará em alguns setores-chave.
O café é um exemplo importante. O Brasil é o maior exportador mundial de grãos de café e um grande fornecedor para o mercado americano. Trinta por cento das importações de café dos EUA vêm do Brasil, de acordo com dados comerciais dos EUA.
Encontrar outras fontes de café será difícil porque a seca e as mudanças climáticas reduziram as colheitas e comprimiram a produção global. O Brasil, por outro lado, pode facilmente encontrar novos mercados, disse Feldmann.
Pecuaristas e processadores de carne bovina brasileiros enfrentam um cenário difícil. Os Estados Unidos são o segundo destino mais importante para a carne bovina brasileira, e um que tem se expandido rapidamente nos últimos anos.
Agora, se as tarifas tornarem a carne bovina brasileira menos atraente, ela teria que ser vendida no mercado interno ou para outros países. “Não há mercado que possa absorver tudo isso”, disse Peroso. Com informações de O Estado de S. Paulo
No Ar: Pampa Na Tarde