Quarta-feira, 24 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 2 de março de 2023
A alta do PIB em 2022, puxada pelo setor de serviços, consolida a plena retomada da atividade econômica no Brasil após dois anos de restrições impostas pela pandemia de covid. O ano de 2022 terminou com alta de 2,9%, informou nessa quinta-feira (2) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O turismo é fator determinante deste movimento, pois permitiu a completa recuperação de atividades do setor, severamente prejudicadas pela crise sanitária. São atividades importantes como alojamento, alimentação e recreação.
“Com certeza, o turismo foi um dos destaques de 2022, pois tivemos a reabertura plena da economia”, afirmou a economista Silvia Matos, coordenadora do Monitor do PIB da Fundação Getúlio Vargas.
Dados específicos do setor de turismo não estão entre aqueles monitorados para o cálculo do PIB. Alojamento e alimentação, por exemplo, estão relacionados entre os serviços prestados às famílias. Mas a Pesquisa Mensal de Serviços, realizada também pelo IBGE, aponta para um crescimento de mais de 24% destas atividades no ano.
“No PIB, isto tudo está dentro de uma grande atividade de ‘outros serviços’. Segundo estimativas do Boletim Macro, ela cresceu 11,5% em 2022. E os serviços prestados às famílias são um dos grandes destaques do ano. Isso era esperado com o fim da pandemia”, enfatizou Silvia Matos.
A economista da FGV destacou que um relatório de atividade produzido pelo Itaú Unibanco, com base nos gastos diários de clientes com cartões de crédito e débito em bens e serviços, ilustra bem a retomada da atividade turística no país em 2022.
“Um gráfico com o desempenho, desde 2020, de várias aberturas dos serviços prestados às famílias mostra que que alojamento, alimentação e recreação foram os grandes destaques de 2022”, apontou Silvia.
Hotelaria carioca
Principal polo turístico no Brasil, a cidade do Rio de Janeiro voltou a ver seu setor hoteleiro em festa em 2022. Ao final do ano, a ocupação dos hotéis, a mão de obra empregada e o faturamento do setor como um todo superaram os patamares pré-pandemia.
“O balanço do ano mostra que o setor hoteleiro no Rio de Janeiro voltou a faturar, a contratar pessoal, a pagar impostos, a gerar riqueza econômica”, enfatizou Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado do Rio de Janeiro (ABIH-RJ).
De acordo com o sindicalista, o grande destaque do ano foi a recuperação dos valores das diárias dos hotéis no Rio. “Em alguns casos, com mais de 20% de reajuste nas tarifas. Sem hóspedes, os hotéis tiveram que derrubar as tarifas durante a pandemia”, destacou.
Segundo Lopes, a ocupação dos hotéis cresceu, em média, cerca de 15% na comparação com 2021. Por sua vez, a volta dos turistas impactou diretamente no mercado de trabalho, com a reabertura de vagas de emprego extintas com a demissão de trabalhadores no primeiro ano de pandemia.
“Somando as contratações extras, em regime temporário, para os grandes eventos do ano, o pessoal ocupado no setor também superou o patamar pré-pandemia”, destacou Lopes.
Variante ômicron
Os ganhos promovidos pela retomada do turismo na rede hoteleira do Rio poderiam ter sido ainda maiores se a pandemia da covid tivesse, efetivamente, chegado ao fim. A variante ômicron do coronavírus, que surgiu no início do ano passado, manteve restrições a alguns serviços, sobretudo no mercado internacional, retardando a visita de turistas estrangeiros ao País.
“O período de férias de início do ano foi totalmente afetado pela ômicron. Com certeza, o turismo e o setor de eventos em geral foram os mais afetados por esse desdobramento da pandemia”, apontou a economista da FGV Silvia Matos.
Além de impactar o chamado turismo de lazer, a ômicron manteve firme o freio no turismo corporativo. Segundo a ABIH-RJ, ao longo do primeiro semestre eventos sociais suspensos pela pandemia ajudaram o turismo corporativo, mas não o completaram. A ocupação dos hotéis nos dias úteis só voltou a crescer em novembro.
Os dados da ocupação na rede de hotéis do Rio ao longo do ano de 2022 mostram que a retomada do turismo se deu de forma fragmentada. Ela teve picos em cada um dos trimestres, e ganhou mais fôlego no último.
O mundialmente famoso réveillon carioca trouxe, por fim, um novo pico da ocupação na rede hoteleira em dezembro. O destaque ficou pela mudança no perfil do turista presente na cidade. Segundo a ABIH-RJ, quase dobrou a presença de turistas estrangeiros na comparação com a média histórica.
“Tivemos um réveillon incrível, diferente do habitual. Geralmente tínhamos cerca de 22% de turistas internacionais. Nas olimpíadas, este percentual chegou a 26%. Já neste réveillon chegou a 40%”, destacou o presidente da entidade.
Lopes ressaltou que esta mudança no perfil do turista impacta diretamente no consumo, já que os estrangeiros gastam mais que os brasileiros. “Também surpreendeu o aumento de turistas norte-americanos e europeus, que tiveram presença muito mais marcante que a dos sul-americanos”, enfatizou.